Henrique Vieira, filiado ao PSOL, acaba de lançar o livro O Amor Como Revolução, e na divulgação de sua obra fez ataques ao pensamento conservador e ao presidente Jair Bolsonaro (PSL), a quem culpou de estar com “as mãos cheias de sangue”.
Pastor da Igreja Batista do Caminho, Henrique Vieira é um ferrenho militante de esquerda, colunista do portal Mídia Ninja, professor e escritor. Sobre seu livro, lançado pela Editora Objetiva, diz que é uma obra que “trata fundamentalmente de reconhecer, no amor, um sentido ético de enfrentamento dos vulneráveis, marcados pelo ódio, conflitos e desamparo”.
Essa explicação sobre seu lançamento foi dada em uma entrevista ao portal Diário de Pernambuco, ocasião em que acusou a parcela do segmento evangélico que não coaduna com suas ideias progressistas de praticar um “ultraconservadorismo”.
“Dentro da religião evangélica, existe um segmento com muito poder e o resultado é um ultraconservadorismo. Eles me atacam e deslegitimam as minhas falas”, queixou-se o pastor. “Gosto de frisar que o meu posicionamento não é exótico e que eu não sou um voo solo. Faço parte de uma tradição cristã comprometida com a defesa dos direitos do próximo, e me inspiro em líderes como Martin Luther King, que traduz a minha luta enquanto pastor e homem negro, além de representantes de outros cultos, como a Irmã Dorothy e dom Hélder Câmara”, defendeu-se.
Sua explicação para militar no espectro político de esquerda traz uma ambição de revolução: “Eu pensava: ‘que sociedade quero construir?’ Me engajei em diversas lutas sociais, estive à frente de movimentos estudantis e encontrei no amor um mecanismo de empatia, rebeldia e resistência, que já conhecia na religião”, disse Henrique Vieira.
Questionado sobre como é defender o progressismo como um líder religioso em um país que tem respondido a essa ideologia com a grande adesão ao conservadorismo, Henrique Vieira optou por enumerar rótulos: “É um momento de medo diante da naturalização crescente do terror. Não é razoável termos um presidente que tem, consigo e na política de seu governo, um discurso de ódio, que despreza negro, LGBTs e mulheres. As mãos dele estão cheias de sangue. Ele não bate direta ou indiretamente, mas certamente a fala dele reverbera, autoriza e estimula a violência contra terreiros e minorias”, acusou.
“Muito mais do que um presidente, ele personifica o crescimento de uma cultura anti-humana, insensível. É aterrorizante ver isso ganhando espaço, mas não quero que o medo me paralise. Quero construir resistências, porque isso é terror ganhando contorno institucional, e o resultado só pode ser morte”, acrescentou o ex-vereador de Niterói pelo PSOL.