A realização de cultos durante a pandemia do novo coronavírus tem sido motivo de alguns conflitos com o poder público. Isso, porque, segundo autoridades policiais, alguns líderes religiosos não estariam respeitando as recomendações sanitárias de prevenção contra o vírus.
Um caso que pode ser apontado como exemplo, segundo o Ministério Público Federal, envolve um pastor evangélico que resolveu fazer um culto em uma aldeia indígena em meio à pandemia, reunindo cerca de 400 pessoas no local.
O culto teria ocorrido na comunidade indígena Feijoal em Benjamin Constant, no interior do Amazonas, em 28 de março passado. O inquérito de investigação foi aberto pela Delegacia de Polícia Federal de Tabatinga, a pedido do Ministério Público Federal.
Às autoridades alegam que o pastor evangélico Davi Felix Cecílio, servidor da Coordenação Regional do Alto Solimões da Fundação Nacional do Índio (Funai), teria violado o artigo 268 do Código Penal Brasileiro.
O referido artigo prevê pena de seis meses a dois anos de detenção e multa para quem “infringir determinação do poder público, destinada a impedir introdução ou propagação de doença contagiosa”.
A denúncia inicial foi realizada pela Procuradoria Federal Especializada junto à Funai. Eles alegaram que ainda tentaram convencer o pastor de não realizar o culto por causa da pandemia.
É possível que por ter ocorrido em 28 de março, quando a pandemia ainda estava no início no país e medidas radicais de quarentena ainda não haviam sido tomadas em muitas regiões, o pastor não tenha tido o mesmo senso de gravidade pela ocorrência.
Entretanto, a Procuradoria afirmou que há novas denúncias de outros cultos que teriam sido realizados na comunidade indígena após o dia 28 de março, o que derrubaria um possível argumento da defesa do pastor com relação ao início da pandemia.
Até o fechamento dessa reportagem não houve a manifestação do pastor sobre este caso, segundo informações do Correio Braziliense.