A Marcha Para Jesus em São Paulo será realizada amanhã, 04 de junho, reunindo milhares de fiéis nas ruas da capital paulista, além de lideranças evangélicas, políticos e artistas gospel. No último sábado, 30 de maio, o Rio de Janeiro realizou a sua edição do evento nos mesmos moldes, levando aproximadamente 500 mil pessoas ao centro da cidade.
No entanto, há anos que a Marcha Para Jesus atrai críticas por ser um evento em que pouco se faz, na prática, para marcar a presença da Igreja de Cristo na sociedade. Dizem os críticos que reunir pessoas para ouvir música e confraternizar não é exatamente evangelismo.
Dentro desse cenário, o pastor Renato Vargens, escritor e dirigente da Igreja Cristã da Aliança, de Niterói (RJ), publicou um artigo em seu blog listando motivos pelos quais não participa da Marcha Para Jesus.
“Há 20 anos atrás eu participei de uma edição da ‘Marcha para Jesus’ aqui em Niterói. Desde então, nunca mais o fiz e nem pretendo fazê-lo, mesmo porque, discordo dos moldes desenvolvidos pelos organizadores em todo Brasil. Ora, antes de qualquer coisa, preciso afirmar que não desejo agredir ninguém que tenha por hábito participar deste evento, mesmo porque, isso não adiantaria em nada, a não ser promover belicosidade”, introduz o pastor.
Vargens destaca, como primeiro motivo, que “a visão teológica dos idealizadores da marcha diverge em muito do ensino das Escrituras”, e explica: “Os organizadores do evento acreditam que através de atos proféticos uma nação pode ser transformada, o que do ponto de vista bíblico é inexequível”.
No segundo motivo, o pastor afirma que “a Marcha Para Jesus peca por fazer enfatizar o entretenimento”, e acrescenta: “Do ponto de Vista das Escrituras, Deus jamais pode ser usado como fonte de lazer. A Igreja não foi chamada por Cristo para promover entretenimento. Charles Spurgeon, um dos maiores pregadores de todos os tempos, afirmou há quase 150 anos, que o adversário das nossas almas tem agido como o fermento, levedando toda a massa. Segundo o príncipe dos pregadores o diabo criou algo mais perspicaz do que sugerir à Igreja que parte de sua missão é prover entretenimento para as pessoas, com vistas a ganhá-las. Spurgeon afirmou que a igreja de Cristo não tinha por obrigação promover entretenimento àqueles que a igreja visitava. Antes pelo contrário, o Evangelho com todas as suas implicações precisava ser pregado de forma simples e objetiva”.
O terceiro motivo exposto por Renato Vargens é ético, destacando que o nome de Jesus termina sendo usado para objetivos pessoais: “A Marcha Para Jesus, na maioria das vezes, tem sido usada para fins eleitoreiros, onde objetivo final é eleger alguns irmãos inserindo-os nas Câmaras Municipais, Assembleias Legislativas, Congresso Nacional, e Poder Executivo”.
O pastor critica o fato de que “a Marcha Para Jesus tem sido usada de forma comercial onde a ênfase se dá quase que exclusiva ao mercado gospel’, e também lembra que “na maioria das vezes a igreja marcha por nada”, sem objetivo: “Ouso afirmar que a igreja marcha para dizer ao país que somos muitos e que mediante Cristo todos podem prosperar e ser felizes”, lamenta.
“Na minha perspectiva a Marcha poderia ser bem diferente. Por acaso você já pensou em um milhão de pessoas, chorando diante do Senhor, pedindo perdão ao Eterno pelos pecados cometidos no país? Já imaginou essa multidão se arrependendo de suas transgressões, derramando sua alma diante de Deus, rogando ao Pai Celeste que perdoe a safadeza e a bandalheira promovida pelos políticos em nossa nação? Já pensou essa multidão se ajoelhando diante de Deus pedindo ao Salvador um avivamento? Quão diferente seria isso não é mesmo? Que impacto isso poderia trazer a nossa nação não é verdade? Que maravilha seria ver a igreja brasileira arrependida de seus pecados, humilhando-se do diante do Criador na expectativa de que este sarasse a nossa terra (II Crônicas 7:14). Que Deus tenha misericórdia do Brasil!”, concluiu o pastor.