O pastor Marco Feliciano concedeu uma entrevista falando sobre as diversas questões em que está envolvido desde que tornou-se parlamentar e presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM).
Segundo Feliciano, sua entrada na política, mesmo depois de ter pregado contra, foi uma iniciativa para consertar o que hoje considera um equívoco. “Enquanto a Igreja estiver na terra, é sujeita às leis do país. Eu percebi, quando aquela lei PL 122 – que é a lei da mordaça – passou no Congresso Federal, que nós tínhamos deputados evangélicos lá, mas que dormiam no ponto. Quando eu vi que aquela lei passou, e no Senado foi travada – e se passar do Senado vai prejudicar todo mundo – eu vi que eu fui um dos culpados, porque eu como formador de opinião de uma geração, a juventude que cresceu me ouvindo, o que eu falava era lei. Eu precisava achar uma maneira de consertar o meu erro”, afirmou, explicando o motivo de ter se lançado à política.
Feliciano afirmou que o brasileiro precisa se interessar mais pela política e revelou que a desinformação dos eleitores resultou numa confusão que elegeu outros parlamentares em todo o Brasil porque as pessoas de fora de São Paulo acreditavam estarem votando nele: “Todos os deputados candidatos do meu partido que tinham o meu número, 2010, foram eleitos no país inteiro. Eu recebi cartas. ‘Pastor, eu votei no senhor, mas saiu a foto do Takayama’. Você é de onde? ‘Eu sou do Paraná’. Mas deputado federal é só do estado… ‘Não, deputado federal é do país’. Nosso povo não é politizado. Tem gente que votou em mim no Maranhão. ‘Pastor, saiu outra foto lá, mas o número é do senhor’… Nosso povo precisa conhecer um pouco mais de política”.
O pastor disse ainda que tem aprendido a não rebater provocações: “Ao amigo, não é preciso explicar nada, porque ele é meu amigo. Ao inimigo, não adianta explicar nada, porque ele quer me destruir de qualquer forma. Então, a Igreja me conhece”, disse.
Sobre o episódio em que o ator e comediante Alexandre Frota o ironizou, Feliciano disse que agiu seguindo a ideia de não rebater: “Teve um ator, um coitado, que falou na internet que foi meu namorado dois anos. O que ele queria? Que eu revidasse, pra dar mídia a ele, como aconteceu no caso da Daniela Mercury. Eu projetei ela. Ela deve a carreira dela a mim. Então, o que eu fiz? Suportei a calúnia, até o ponto que ele não aguentou, foi a um programa da Jovem Pan e disse ‘Foi só uma brincadeira, quem acreditou nisso é um idiota’”.
Marco Feliciano queixou-se da mídia, dizendo que a cobertura dos fatos é bastante parcial: “Não sou otário, nem tonto. Como cristão, eu uso a lei que pode me proteger e faço o que é possível. É claro que pra mim é tudo mais difícil. Se alguém xinga de lá pra cá e eu revido, vai sair na mídia que só eu fiz”, lamentou.
Sobre o protesto organizado por ativistas durante um voo, o pastor resumiu o caso dizendo que o gesto foi repudiado por inúmeras pessoas: “Como eu não dei bola fiquei quieto, em oração, vieram e bateram no meu rosto. Eles colocaram o vídeo na internet. Foi um tiro no pé deles, porque o país inteiro se comoveu por mim. O vídeo teve mais de quatro milhões de acessos. Cheguei nos Estados Unidos, lá os irmãos no aeroporto foram falar do vídeo. Em todos os lugares que eu fui, da Flórida até Nova York todo mundo assistiu. O povo dizendo ‘Olha, eu posso não concordar com o senhor, mas o que eles fizeram é intolerância’. Então o Brasil começou perceber quem são os intolerantes, e quem são os preconceituosos”.
Sobre a pressão exercida contra ele quando assumiu a presidência da CDHM, Feliciano afirmou que, durante uma reunião de lideranças partidárias convocada pelo presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), teve a oportunidade de discursar antes dos demais presentes. “Quando eu terminei de falar, dos vinte [líderes de partidos], dezessete ficaram ao meu favor. Isso virou a mesa, porque eu mostrei pelo menos o que era, como acontecia, e como eu estava sendo perseguido. E disse: ‘Se hoje fazem isso comigo, amanhã vão fazer com os senhor aqui no Plenário grande’. Foi profecia. Deu dez dias os índios invadiram o plenário. Agora na PEC 300 os policiais invadiram o plenário. Perdeu o respeito. E tudo porquê? Porque ele não me protegeu na minha comissão”.
Ainda em relação a essa crise, Feliciano comentou a proposta que ele fez na ocasião para deixar a CDHM se os parlamentares José Genoíno e João Paulo Cunha, ambos do PT-SP, condenados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no mensalão, também deixassem a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), e revelou detalhes dos bastidores: “Quem é o líder do PT na Câmara? Irmão do Zé Genoíno, é o deputado que o assessor foi pego com dólar na cueca. Aí ele levanta e diz assim: ‘A população brasileira não te suporta mais. Pro bem desse parlamento, renuncie, Feliciano”. Aí eu subi o sangue e falei assim: ‘Tudo bem. Se é pro bem do Brasil, eu renuncio com uma condição. Que o seu irmão, e João Paulo Cunha, que são condenados, mensaleiros, ficha suja, renunciem. Porque eu não sou mensaleiro, sou ficha limpa, e sou um homem de família, um pastor. Presidente bateu a mão: ‘Tá encerrada a reunião’. William Bonner falou no Jornal Nacional: ‘Feliciano falou que renuncia se o PT tirar…’ Acabou a conversa”.
O pastor voltou a falar a respeito de uma eventual candidatura à presidência da República: “Se o meu partido me desse legenda, nós íamos entrar para a história. Podia não ganhar, mas jogávamos a eleição para o segundo turno. No segundo turno, a gente negociaria como Igreja, um ministério, alguma coisa assim. Nós teríamos condições. Falta hoje, uma liderança política evangélica”.
Assista a íntegra da entrevista concedida ao web programa Propagadores:
Por Tiago Chagas, para o Gospel+