Há nos Estados Unidos uma vertente neopentecostal que inseriu em sua liturgia a manipulação de cobras durante os cultos. Essa tradição se consolidou em um nicho muito específico ao longo do último século, e já resultou em algumas tragédias. Na última semana, um pastor foi mordido por uma cobra venenosa durante um culto, e escapou da morte por pouco.
O caso de Cody Coots é peculiar: seu pai, Jamie Coots, morreu em 2014 aos 42 anos após ser mordido na mão por uma cascavel durante um culto na mesma igreja, a Tabernáculo do Evangelho Pleno no Nome de Jesus, na cidade de . Após a mordida, em apenas sete minutos o pastor veio a óbito.
Três meses depois, quando Cody já havia passado a ocupar o posto de seu falecido pai, ele foi mordido por uma cobra. E agora, o caso se repetiu, segundo informações do portal Metro. Porém, após ser mordido, o jovem pastor pediu que fosse levado ao topo de uma montanha na região, para que Deus decidisse se ele deveria viver ou morrer.
O fiel que o socorreu após a mordida no rosto desobedeceu e o levou a um hospital, o que provavelmente salvou sua vida. Os médicos que o atenderam disseram que a cobra chegou perto de cortar a artéria temporal, o que quase certamente o mataria.
“A maioria das pessoas que é mordida [por uma cobra] no rosto morre em cinco ou dez minutos. Por exemplo, seu pai foi mordido na mão e em sete minutos estava morto”, argumentou o fiel que o socorreu.
A justificativa usada por essa tradição neopentecostal para a manipulação de cobras durante os cultos é a passagem bíblica de Marcos 16:18: “Pegarão nas serpentes; e, se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e porão as mãos sobre os enfermos, e os curarão”.
Após ser atendido, Cody Coots explicou a forma como essa tradição religiosa enxerga essa passagem, e a experiência de ter vivenciado os últimos momentos de vida de seu pai: “Quando a Bíblia diz serpentes, isso significa uma cobra venenosa. Quando meu velho foi mordido, ele morreu dentro de 10 minutos, é uma mordida desagradável”, disse.
“Toda vez que ele foi mordido, nunca o vi largar uma cobra. E [no dia de sua morte] eu vi a cobra cair no chão, e pensei: ‘Nós vamos levá-lo para casa’. Ele voltou para o banheiro e as últimas palavras que ele disse para mim foram: ‘Meu rosto parece estar em chamas’. Saí do banheiro e ouvi um grito e, quando voltei, ele estava mole”, acrescentou.
Anos antes do episódio que ceifou a vida de Jamie Coots, em 2012, o pastor Mack Randall Wolford morreu aos 44 anos em circunstâncias idênticas, num culto ao ar livre em West Virginia. Em 2015, outro fiel morreu por uma mordida de cobra: John David Brock, 60 anos, foi atacado durante um culto em Kentucky.