Acusado de potencializar a infecção pelo novo coronavírus na Coreia do Sul, o pastor e líder conservador Jun Kwang-hoon foi novamente preso pela Justiça do país, temporariamente.
Opositor do presidente Moon Jae-in, o pastor é conhecido por sua capacidade de mobilizar a população em manifestações contra o mandatário, a quem ele considera um “espião norte-coreano e amigo da China”, países comunistas, onde a liberdade religiosa – dentre outras – é inexistente.
Os protestos liderados pelo pastor de 64 anos já resultaram, inclusive, na renúncia ao cargo por parte do ministro da Justiça, Cho Kuk, que havia sido nomeado pelo presidente Moon Jae-in. Desde que surgiu a pandemia de covid-19, o governo vem usando a situação sanitária como forma de tentar impedir o movimento de oposição liderado pelo pastor.
Conforme informações da agência de notícias Yonhap, a procuradoria da Coreia do Sul pediu a prisão de Jun Kwang-hoon após liderar novas manifestações que, supostamente, causaram um aumento das infecções por Covid-19 em Seul.
Kwang-hoon já havia sido preso em fevereiro sob a acusação de violar a lei eleitoral. Libertado sob pagamento de fiança, a Justiça exigiu que o pastor não participasse de novas manifestações relacionadas a seu caso até o fim do processo.
Agora, a procuradoria apresentou novas acusações e pediu que o pastor fosse preso provisoriamente, já que ele teria violado as condições de sua libertação ao participar de manifestações em Seul, ao longo do mês de agosto.
Um dos argumentos apresentados no pedido de prisão é que essas manifestações estariam ligadas ao aumento das infecções pelo novo coronavírus na região da capital. O que se sabe sobre o vírus oriundo da China ainda se mostra incipiente, uma vez que veículos da grande mídia reportaram que no caso dos protestos pelo assassinato de George Floyd, nos EUA, não houve contribuição para o aumento da disseminação do patógeno, como anunciado pelo portal Uol em junho: “Protestos do #BlackLivesMatter não causaram aumento de casos de covid-19”.
Na última segunda-feira, 07 de setembro, um tribunal da capital sul-coreana determinou que o pastor ficasse detido no Centro de Detenção de Seul. “Se uma pessoa é detida por uma simples palavra do presidente, isso não pode ser considerado um país. A República da Coreia tornou-se um estado totalitário”, criticou o pastor antes de entrar na prisão, em entrevista a jornalistas.
A imprensa repercute, desde o início dos protestos, a grande capacidade de mobilização do pastor nas manifestações contra as acusações de corrupção do governo. E mesmo acusado de contribuir com a disseminação do novo coronavírus, Kwang-hoon desafiou, conforme os relatos noticiados, reiteradas vezes as exigências da Justiça de não organizar grandes manifestações ou cultos sem o distanciamento social. Entre os fiéis da igreja que dirige, o número de infectados teria superado mil. Não há maiores informações sobre casos fatais.