A liderança de mulheres em áreas da igreja evangélica não deve ser chamada de pastorado feminino, declarou o renomado teólogo e pastor John Piper. Ele abordou o assunto recentemente no podcast do ministério Desiring God.
O ministério pastoral é uma função exclusivamente masculina na visão da maioria dos teólogos reformados, e esse é um dos pontos em que as duas principais tradições cristãs convergem, já que a Igreja Católica também não ordena mulheres ao sacerdócio, destinando as vocacionadas para outras áreas de atuação paralelas na denominação.
Piper considera que é a ordenar mulheres ao pastorado é “enganoso, imprudente e mal fundamentado”. Outro grande teólogo que compartilhou o mesmo pensamento foi Antonio Gilberto (in memoriam), pastor da Assembleia de Deus, que alertou que a Igreja de Cristo prestará contas sobre esse desvio.
O tema foi abordado a partir da pergunta de um ouvinte do podcast de John Piper, que se disse membro de uma igreja que está modificando seus estatutos para permitir a ordenação feminina ao ministério pastoral. “As mulheres poderiam desempenhar esse papel e ainda estar sob a liderança masculina e um conselho de idosos. Mas essa mudança de título estaria alinhada com outras partes das Escrituras?”, questionou.
John Piper respondeu afirmando ser “imprudente usar a palavra pastor em inglês para mulheres no ministério”, e acrescentou que a “tentativa de dizer que é mais bíblico usá-la se baseia em um mal-entendido de como a língua funciona, bem como no suposto uso da palavra ‘pastor’ no Novo Testamento”.
Em inglês, a palavra pastor é entendida como uma “pessoa com liderança oficial na igreja local que normalmente envolve pregar e governar”, afirmou Piper. Mas o Novo Testamento, escrito em grego, “não usa a palavra inglesa pastor”, explicou, acrescentando que a palavra usada no grego é “poimēn“.
“É altamente enganoso afirmar que, ao aplicar a palavra pastor a leigos, estamos recuperando o uso do Novo Testamento. Isso é altamente enganador […] [Não] apenas não existe uma palavra do Novo Testamento que corresponda a ‘pastor’, como é distinta do pastor [de ovelhas], mas a ideia de pastorear no Novo Testamento foi consistentemente associada à liderança de presbíteros e superintendentes”, detalhou Piper.
“Em outras palavras, acho que aqueles que estão argumentando pelo uso da palavra pastor para mulheres que ministram ou homens que não são anciãos ou superintendentes estão minando o ensino do Novo Testamento sobre liderança da igreja, mesmo que eles pretendam fazer o oposto”, concluiu o pastor, segundo informações do portal The Christian Post.
Influências externas
O tema está em alta no meio evangélico, em parte influenciado pelo movimento feminista na sociedade, que influencia a visão a respeito do papel feminino em todas as áreas. Outro pastor que recentemente se posicionou sobre o tema foi John MacArthur, que enfatizou que a Bíblia não endossa o ministério pastoral feminino, lamentando que essa visão venha sendo contrariada pelas igrejas evangélicas ao redor do mundo.
MacArthur – que, diferentemente do brasileiro Antonio Gilberto, é de orientação calvinista – afirmou que nem considera oferecer a oportunidade de pregar à sua esposa: “Nunca tive esse pensamento. Não é bom que as mulheres preguem”, disse o pastor, em resposta a um fiel de sua igreja.
Para justificar sua resposta, o pastor citou I Timóteo 2:12: “Não permito que a mulher ensine, nem que tenha autoridade sobre o homem. Esteja, porém, em silêncio”. Posteriormente, acrescentou I Coríntios 11 para dizer que “a ordem da Igreja é que Deus é a cabeça de Cristo, Cristo é a cabeça do homem, o homem é a cabeça da mulher”.
“Essa é a ordem que Deus projetou na Igreja, modelada pela submissão de Cristo ao seu próprio Pai”, acrescentou o pastor. “Quantos dos 66 livros da Bíblia foram escritos por mulheres? Nenhum. Você não acha que se as mulheres devessem ter autoridade igual para pregar e ensinar na Igreja, o Senhor não permitiria que uma delas escrevesse ao menos um livro na Bíblia?”, questionou.