Pensando em reduzir a criminalidade na cidade, a Polícia de Montgomery, no estado norte-americano do Alabama, decidiu se aliar à comunidade religiosa para oferecer um atendimento alternativo às vítimas de crimes.
Um grupo de 37 pastores foi treinado pela Polícia e a partir dessa semana, passam a integrar a Operação Bom Pastor. Quando uma viatura for acionada para uma cena de crime, um pastor será convocado para aconselhar as vítimas, enquanto os policiais e investigadores desenvolvem seu trabalho.
A cidade conta com 200 mil habitantes, e em 2013 já registrou 39 homicídios, sendo a maioria das vítimas pessoas negras. Há a preocupação por parte das autoridades de que este ano possa se tornar o mais violento da história da cidade.
“Sempre que você encontrar um grupo de pessoas cujas vidas foram afetadas negativamente, temos a oportunidade de mostrar-lhes o tipo de amor e compaixão que todos os seres humanos precisam”, afirmou o policial David Hicks, idealizador da Operação Bom Pastor.
Já o chefe de Polícia da cidade, Kevin Murphy, chama a atenção para a medida como uma forma de recuperar parte do que foi perdido: “O que queremos fazer é aliar o Departamento de Polícia com a comunidade religiosa. O que estamos vendo hoje é fruto de sementes plantadas há muito tempo. Eu realmente acredito que tem havido uma ruptura nas famílias. Nossos jovens estão crescendo sem direção”, alertou.
O capelão da polícia, Baxter E. Morris, ressalta a oportunidade de levar uma mensagem de vida a essas pessoas: “Há uma grande oportunidade evangelística. Nos tornaremos respostas à crise, determinando as necessidades espirituais e tendo condições de compartilhar as palavras de Cristo”, comemorou.
Embora os pastores atuem como voluntários, há o questionamento do ponto de vista legal. Erwin Chemerinsky, da Faculdade de Direito da Universidade da Califónia, afirma que a Operação Bom Pastor pode ferir a laicidade do Estado: “O governo não pode tomar medidas que pareçam endossar uma religião. Usar pastores desta forma viola justamente esse aspecto legal”, declarou à revista The Atlantic.
“Olhe bem, eu não sou criminologista, mas se podemos semear algumas boas sementes hoje, veremos seus frutos amanhã. Pode demorar alguns anos para isso aparecer. Foram tantos anos vendo as pessoas derrubarem valores morais, e só agora estamos sentindo os efeitos. Não pense que vamos deixar de fazer o policiamento tradicional também. Vamos prender as pessoas que infringem a lei… elas continuarão indo para a cadeia”, rebateu o chefe de Polícia, Kevin Murphy.
Por Tiago Chagas, para o Gospel+