Os escândalos protagonizados por diversos líderes evangélicos no Brasil serviu de inspiração para um grupo de desenvolvedores, que iniciaram a arrecadação de doações para produzir um game que satiriza as igrejas.
O game de RPG “Pequenas Igrejas, Grandes Negócios (PIGN)” estimula os jogadores a assumirem o papel de um pastor fictício, que tem como objetivo, manchar a reputação dos concorrentes para que sua “denominação” cresça.
Dentre as estratégias existentes no jogo para derrotar os demais “pastores”, estão as denúncias de falcatruas, como por exemplo, acusar um adversário de desviar os dízimos ou vender “óleos que restauram a virgindade”.
O orçamento de desenvolvimento do jogo ficou em torno dos R$ 60 mil, e os idealizadores já conseguiram arrecadar, através de uma ferramenta de financiamento coletivo, mais de 50% a mais que o necessário: R$ 92,7 mil.
Marcelo Del Debbio, 39 anos, responsável pelo desenvolvimento do PIGN, afirma que a inspiração para o jogo veio de fatos verídicos noticiados pela mídia, e pontua que a ideia não é detratar a religião em si, mas sim, os aproveitadores: “No jogo também tem pai de santo picareta e rabino picareta”, revela.
A princípio, para evitar polêmica, quando o game estiver pronto, não será vendido em bancas de jornal ou lojas de brinquedos, como os demais jogos de RPG. A tiragem inicial de 2 mil exemplares será entregue aos doadores da campanha e o restante, vendido através da internet.
O pastor presbiteriano Davi Charles Gomes, 37 anos, chanceler da Universidade Mackenzie, afirmou ao jornal Folha de S. Paulo que o jogo “faz pensar” sobre as consequências dos escândalos envolvendo irmãos na fé, mas também disse sentir “uma ponta de vergonha” pela forma como os desenvolvedores resolveram retratar os pastores no game. “Eu não fico acanhado e não me sinto atacado porque não me reconheço nele. A verdadeira religião não é isso”, ponderou.