Uma crise de perseguição religiosa sem precedentes em Mianmar foi comunicada ao Congresso dos Estados Unidos pelo pastor Bob Roberts, que definiu como “genocídio” a situação dos cristãos da etnia Kachin.
O país asiático de maioria budista vive uma crise social, com o registro de uma limpeza étnica contra as minorias religiosas.
O caso da minoria Rohingya, que segue o islamismo, foi observado de perto pela Organização das Nações Unidas (ONU), mas a mesma mobilização não está sendo adotada em relação aos Kachin.
O pastor Bob Roberts, fundador da igreja Northwood, comentou que se nenhuma providência for tomada, o quadro pode se agravar e se tornar pior que o dos muçulmanos Rohingya.
De acordo com informações da emissora Christian Broadcasting Network (CBN), um grupo inter-religioso de tolerância se reuniu em Washington, DC, na última terça-feira, 10 de julho, para tratar dos casos das etnia Rohingya e Kachin.
O principal agente contra as minorias são as forças militares de Mianmar, que incendeiam aldeias, estupram crianças e assassinam adultos. Os mesmos envolvidos nos casos contra a etnia Rohingya, no estado de Rakhine, agora são acusados de atacarem os cristãos Kachin, em seu estado.
“Quando você radicaliza e cria essa violência entre os soldados que estupraram e assassinaram, você simplesmente não desliga o interruptor”, alertou Roberts, que relatou que unidades militares bombardearam ou incendiaram mais de 60 igrejas nos últimos 18 meses.
Perseguição
O pastor viajou a Bangladesh em outubro passado, na companhia do rabino David Saperstein, para acompanhar a situação dos refugiados que cruzaram a fronteira do país asiático fugindo da repressão militar em Mianmar.
Na ocasião, ele esteve em contato com os Rohingya, que hoje é considerada pela ONU como a maior população apátrida do mundo. O êxodo de aproximadamente 700 mil Rohingya para Bangladesh é descrito como o maior da história moderna.
O acampamento de refugiados chocou o pastor Roberts na ocasião pelo nível de calamidade, e agora, com a perseguição sofrida pelos cristãos Kachin, ele vem mobilizando lideranças para pressionar a ONU a tomar iniciativa para impedir um genocídio em escala maior.
“Eu voltei para casa e comecei a ouvir pessoas me dizendo: ‘você é um evangélico, você é um cristão… o que tem a dizer sobre os Kachin?’. E eu fiquei sentido em dizer que não sabia muito sobre o povo Kachin”, explicou Roberts, que decidiu viajar ao estado de Kachin da Birmânia para se encontrar com pessoas deslocadas internamente em campos de refugiados (IDP), e lá teve contato com o sofrimento do povo, em primeira mão.
“Fiquei bastante alarmado com o que vi. O que me assustou ainda mais — fiquei curioso com o quão bem os Kachin realmente entenderam o que havia acontecido no estado de Rakhine com os Rohingya… E o começo do que estava acontecendo no Estado de Kachin era muito semelhante”, disse Roberts.
Aproximadamente 95% das pessoas do estado de Kachin são cristãs. Eles foram evangelizados há mais de 180 anos pelo missionário batista Adoniram Judson. Roberts afirma que os cristãos do ocidente precisam orar pelos Kachin e pelos Rohingya.
“O problema é que, como ocidentais, não podemos chegar lá na maior parte do tempo, não podemos nos tornar voluntários. Então, a maior coisa que você pode fazer é enviar dinheiro e recursos para a Convenção Batista de Kachin. É uma questão muito séria. Isso não é uma coisa menor”, enfatizou.