O cristianismo vive o período de maior perseguição já registrado em dois mil anos de história, garantem pesquisadores da Aid to the Church in Need (ACN), uma entidade que se dedica a apoiar os cristãos da Igreja Perseguida ao redor do mundo.
A ACN (“Ajuda à Igreja Necessitada”, em tradução do inglês) produziu um estudo sobre a situação em treze países onde considera-se que os cristãos enfrentem as piores circunstâncias de vida e maiores abusos, e concluiu que a perspectiva piorou em todos eles, com exceção da Arábia Saudita, único país “onde a situação já era tão ruim que dificilmente poderia piorar”.
O estudo, intitulado “Perseguidos e esquecidos?”, repercutiu na imprensa internacional, em portais como Christian Today e Premier, com destaque para a projeção de que em muitos países há um risco iminente da extinção do cristianismo através da matança de fiéis.
No relatório, os responsáveis salientam que, diariamente, cristãos são submetidos a “atrocidades indescritíveis”, com ênfase na Coreia do Norte, onde os seguidores de Jesus são submetidos à fome forçada, abortos e crucificação, incineração ou morte sob esmagamento, através do uso de rolos compressores.
A ACN expôs o relatório na Câmara dos Lordes, no Reino Unido, e mesmo com o embasamento do estudo, há um ceticismo intencional e indiscreto da parte de muitas autoridades, frisa o Christian Today. O documento da ACN enfatiza que “os governos no Ocidente e a ONU não ofereceram aos cristãos em países como o Iraque e a Síria a ajuda de emergência que eles precisavam quando o genocídio começou”.
Um dos críticos a respeito da situação foi o Lorde Alton, de Liverpool, que durante a sessão da Câmara dos Lordes, afirmou haver a necessidade de “separar a propaganda da realidade”, pontuando que o governo britânico anunciou o envio de recursos para ajudar a proteger os cristãos iraquianos em 2014, mas a verba nunca chegou ao destino.
John Pontifex, porta-voz da ACN, comentou: “Em termos do número de pessoas envolvidas, a gravidade dos crimes cometidos e seu impacto, é claro que a perseguição dos cristãos atualmente é pior do que em qualquer outro momento em história. Não só os cristãos são os mais perseguidos do que qualquer outro grupo de fé, mas números cada vez maiores estão enfrentando as piores formas de perseguição”, destacou.
“A natureza generalizada da perseguição – e as evidências que implicam regimes com quem o Ocidente tem relações comerciais e vínculos estratégicos estreitos – mostram que nossos governos precisam usar sua influência para defender as minorias nestas regiões críticas, especialmente os cristãos”, propôs a ACN.
Além da já conhecida perseguição religiosa promovida pelo extremismo muçulmano no Oriente Médio, o relatório também descreve os abusos sofridos por cristãos na Nigéria, onde o grupo filiado ao Estado Islâmico, Boko Haram, já deixou mais de 2 milhões de pessoas sem casa e matou outras centenas de milhares.
“Isso traz grande vergonha para nós, que nos interessamos tão pouco sobre o que acontece com nossos irmãos e irmãs na Nigéria”, lamentou Lorde Alton.