Um pastor costuma se preocupar mais com o bem-estar dos membros de suas igrejas do que com si mesmos, revelou uma pesquisa recente. E o resultado disso é que mais da metade já enfrentou crises de saúde mental e emocional ao longo do ministério.
O estudo, realizado em novembro de 2017 com cerca de 1.700 pastores, constatou que 54% deles já sofreu com algum tipo de exaustão, seja mental ou emocional. Além disso, 45% dos entrevistados afirmaram que em algumas circunstâncias sentem-se inadequados.
O relatório foi divulgado pelo instituto Barna Group, responsável pelo levantamento e dedicado a pesquisas relacionadas à religião, sendo considerado um dos mais renomados dos Estados Unidos.
“É um trabalho de extrema responsabilidade. Às vezes não temos hora para descansar porque as pessoas precisam de nossa disponibilidade”, comentou o pastor Oswaldo Ferraz, em entrevista ao portal Pleno News.
Para Ferraz, é preciso saber equilibrar as demandas para que a exaustão não prejudiquem o ministério: “Se você não está bem, não consegue ajudar os outros. É preciso orar e pedir orientação na Bíblia e também, se possível, ajuda de algum profissional. Trabalhei durante 40 anos e já sofri alguns períodos de exaustão, mas louvo a Deus porque Ele sempre me sustentou”.
Em 2013, uma pesquisa realizada pelo Clergy Health Initiative (CHI), constatou que o ministério pastoral é uma das ocupações mais tensas que existe na sociedade moderna, com o índice de pessoas com depressão sendo muito maior do que de outras áreas.
O levantamento, feito com 1.726 pastores, mostrou que 8,7% dos entrevistados haviam sido diagnosticados com depressão, e 11,1% com ansiedade. Em comparação, nos Estados Unidos – onde a pesquisa foi realizada – a média de profissionais com esses distúrbios é de “apenas” 5,5%.
“Os que estão de fora do nosso universo pensam que vida de pastor é regalia, luxo, ou coisas do tipo. Não, não é. Pastor é ser humano, mas um ser humano travestido de ‘Chapolin Colorado’, ou seja, salva a todos sem ter ninguém que o defenda. Gente, pastor chora, peca, erra, precisa de carinho, precisa de visita, depende de oração, necessita de ajuda. Mas a igreja, a sociedade, nunca espera que esse pastor exista, ela quer um pastor como um herói das “estórias” de quadrinho, esse pastor não existe”, resumiu o pastor Wesley Carvalho, em um artigo de alerta para os sacerdotes cristãos e seus fiéis.