A bancada evangélica na Câmara dos Deputados teria decidido apoiar o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), investigado no escândalo do petrolão por supostamente ter recebido propina de US$ 5 milhões para não criar empecilhos na contratação de navios-sonda pela Petrobras.
Cunha, que é evangélico, foi acusado pelo lobista Júlio Camargo em delação premiada durante a Operação Lava-Jato. Como ele tem mandato em andamento, o caso passou a ser investigado pela Procuradoria Geral da República, que encaminhou as acusações contra ele ao Supremo Tribunal Federal (STF). Agora, os ministros do STF avaliam se aceitam ou não a denúncia contra o deputado.
“A bancada evangélica selou apoio a Eduardo Cunha. Cunha é da Assembleia de Deus de Madureira, chefiada pelo pastor Manoel Ferreira”, escreveu o jornalista Lauro Jardim, da revista Veja.
O lobista Júlio Camargo mudou seu depoimento inicial, quando não havia feito acusações contra o presidente da Câmara. Na reta final de sua colaboração com a Justiça Federal do Paraná, ele passou a dizer que Cunha havia participado do esquema de desvio de recursos orquestrado pelo PT.
Camargo apresentou à Polícia Federal comprovantes de depósitos que somavam R$ 250 mil feitos por ele em 2012 na conta-corrente de uma filial da Assembleia de Deus Ministério Madureira em Campinas (SP) para que o valor fosse repassado a Cunha, que é membro do mesmo ministério e frequenta uma congregação no Rio de Janeiro.
Em seus depoimentos, Camargo teria dito que o valor depositado na conta da igreja era parte da propina de US$ 5 milhões, e teria sido repassado a título de doação de campanha eleitoral. Porém, o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ), bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus, destacou em artigo recente que Cunha não disputou nenhum cargo nas eleições daquele ano.
Os principais líderes da Assembleia de Deus Madureira, pastores Samuel Ferreira e Abner Ferreira (que é pai do pastor titular da filial de Campinas, Manoel Ferreira Neto), não se posicionaram sobre as acusações e nem sobre o depósito feito por Camargo na conta da igreja. O pai de Samuel e Abner, bispo Manoel Ferreira, foi um dos apoiadores da campanha presidencial de reeleição de Dilma Rousseff (PT).