A Igreja Evangélica Pingo D’Água surgiu há nove anos de um trabalho social desenvolvido pelo pastor Valmar Neves, voltado a moradores de rua, e hoje, atua no Conjunto Habitacional Cesarão, no bairro de Santa Cruz, Rio de Janeiro.
Identificada com o modelo “urbano” de liturgia, a Pingo D’Água atrai skatistas, roqueiros, punks e hippies, e foi tema de uma reportagem especial do jornal Extra, que destacou as pregações feitas em lugares inusitados, como pistas de skate, por exemplo, e os piercings e tatuagens de fiéis e líderes.
Um dos personagens entrevistados para a matéria, o guitarrista e missionário Vitor Gabriel, 28 anos, diz que as celebrações da igreja são cheias de gírias e linguagem coloquial. O tratamento entre eles é com base em palavras como “brother”, “velho”, e “rapá”.
“No início, alguns jovens ficam meio desconfiados, até com um certo preconceito, porque não usamos terno e gravata. Isso é quebrado quando nos veem falando de Deus como nas outras igrejas. Só que de uma forma mais livre”, explica.
O músico está prestes a ser consagrado pastor oficial da igreja, e afirma que nos quatro anos que está na denominação, sua vida mudou: “Deixei minha casa, minha TV, meu computador e vim morar numa barraca aqui. Estava em depressão, bebia e tive contato com drogas”.
O primeiro pastor que foi formado e ordenado na Igreja Pingo D’Água, Alexander Silva, conta que mesmo sem curso de teologia, os líderes se preparam através de treinamentos práticos e estudo pessoal da Bíblia, no tempo que cada um dispõe.
Os cultos, feitos com canções de reggae, rock e pop gospel, são baseados na mensagem tradicional da Bíblia “Pregamos em outro templo que a igreja dos dias de hoje precisa acordar para o povo”, diz o pastor Daniel Montenegro, revelando que o estilo despojado ainda não tem aprovação unânime de outros líderes evangélicos: “O pastor de lá pegou o microfone, nos esculachou e criticou as tatuagens”, lamenta.
Por Tiago Chagas, para o Gospel+