A então prefeita do município de Sapezal (MT) Ilma Grisoste Barbosa (PSD), em seu último discurso como gestora, divulgou um decreto onde afirma ter sido “designada por Deus” e que todas as forças espirituais do mal estarão sujeitas ao Senhor Jesus. Coincidência ou não, o também prefeito de Guanambi, Jairo Magalhães (PSB), cidade que fica a 675 km de Salvador, na Bahia, também resolveu declarar que o município pertence a Deus, causando polêmica entre a população.
“Declaro que esta cidade pertence a Deus e que todos os setores da Prefeitura Municipal estarão sobre (sic) a cobertura do altíssimo”, decretou a Prefeita de Sapezal, derrotada na última eleição, segundo foto divulgada no portal de notícias Folhamax. Veja abaixo:
O que mais chamou atenção da população não foi meramente a então Prefeita entregar as chaves de Sapezal a Deus, um gesto simbólico relativamente comum entre cerimônias com líderes do governo e representantes religiosos, mas sim o fato dela detalhar no documento o que seriam “principados“, “potestades” e “governadores deste mundo tenebroso”.
A prefeita ainda fez questão de cancelar o que segundo ela seriam “pactos realizados com qualquer outro Deus”, como segue:
“Cancelo, em nome de Jesus, todos os pactos realizados com qualquer outro Deus ou entidade espiritual”.
Curiosamente, no interior da Bahia, em Guanambi, o prefeito eleito Jairo Magalhães fez um ato muito parecido de entrega das chaves do município a Deus, oficialmente registrado em documento conforme imagem abaixo divulgada no jornal da Folha online:
O texto é o mesmo. O decreto, ao que parece, se trata de um modelo pronto, possivelmente já utilizado em outros atos simbólicos. O motivo da polêmica causada entre a população, porém, é devido ao caráter laico do Estado, que os críticos alegam ter sido violado, devido se tratar de uma publicação oficial em nome do Governo.
Finalmente, Ilma Grisoste Barbosa já não responde pela Prefeitura de Sapezal, restando ao novo Prefeito a possibilidade de qualquer medida sobre o caso. Por outro lado, o recém eleito Prefeito de Guanambi alegou em nota que o decreto não pretendeu contrariar a laicidade do Estado, mas que apenas refletiu a natureza da própria Constituição Federal, que foi promulgada “sob a proteção de Deus”, bem como as diferentes formas de crenças acerca de Deus.
“Ele, nas suas mais diversas interpretações, está presente nas variadas religiões”, justificou o Prefeito Jairo Magalhães.