A Prefeitura da Cidade de São Paulo pagou R$ 136 mil a uma igreja evangélica para a realização de um torneio de futebol society, como parte de um convênio assinado pela Secretaria Municipal de Esportes (SEME).
O caso foi noticiado pelo jornal O Estado de S. Paulo, que explicou que o torneio de futebol amador entre os fiéis foi realizado durante a noite de cinco sextas-feira entre agosto e setembro de 2014.
“A transferência [dos R$ 136 mil] foi feita de forma voluntária pela SEME para o Instituto Paulista de Arte e Música (IPARTE) – caso o leitor quiser uma entidade sem fins lucrativos que organiza casamentos, eles também fazem esse trabalho”, escreveu o jornalista Demétrio Vecchioli.
A IPARTE tem sua diretoria formada por uma família: Osmar Augusto Oliveira (pai), Cátia Machado Marcondes de Oliveira (mãe), Daniel Augusto Marcondes de Oliveira (filho), Marcus Vinicius Chebl, Diego Jovaneli Chebl (pai e filho) e Dirceu Soares Ribeiro, amigo de Osmar.
A sede da entidade fica localizada na casa dos Marcondes Oliveira, no bairro do Butantã, e o número de telefone da IPARTE é o mesmo da família.
Segundo Osmar, o valor foi destinado pela prefeitura ao “evento de confraternização esportiva, com caráter de competição, sem, contudo, levar ao extremo essas disputas, objetivando cada vez mais a integração entre jovens da capital paulistana, com o intuito de motivá-los à pratica esportiva, de equipe e individual”.
Quando trabalhou no gabinete de três vereadores, Osmar ajudou a organizar a Copa dos Bolas de Futebol Society, que segundo ele, é disputada por jovens evangélicos: “‘Os Bolas’ é um pessoal ligado à igreja evangélica Bola de Neve. Como não podia fazer evento religioso, a gente mudou de nome. Pegamos as células deles”, contou, explicando porque o torneio society agora leva o nome da IPARTE.
Os valores repassados pela prefeitura à IPARTE foram gastos em:
40 troféus (apesar da participação limitada em 20 equipes) ao custo de R$ 210 cada;
Medalhas ao custo de R$ 5.400;
Árbitros e mesários receberam R$ 15 mil;
Aluguel de duas ambulâncias por dia de jogo, ao custo de R$ 19.500;
Compra de 450 camisetas, somando quase R$ 10 mil;
Aluguel de gerador por R$ 4.200;
Aluguel de tendas de apoio por R$ 1.500;
Aluguel de vans para transporte dos atletas ao custo de R$ 4.000;
Compra de bolas por R$ 1.275;
Lanches para os atletas todos os dias por R$ 12.900 mil;
Alimentação dos árbitros por R$ 1.400;
Água, isotônico e frutas para os envolvidos ao custo de R$ 3.800
Locação das quadras por R$ 13.800;
Fotos do evento por R$ 8,5 mil;
Filmagem por R$ 9 mil
O jornal destaca que os orçamentos de contabilidade apresentados na prestação de conta chamam a atenção: “Mesmo sendo de três empresas diferentes, eles têm absolutamente o mesmo texto e a mesma diagramação. Tudo para não entrar numa fria”.