Apesar da perseguição religiosa ser uma realidade na Índia, o governo do país composto por 80% de seguidores do hinduísmo parece ignorar e ainda tentar estabelecer uma relação de aparências com a Igreja cristã, usando para isso a celebração da Páscoa.
Foi esta a percepção que algumas lideranças tiveram da visita que o premiê indiano Narendra Modi fez a uma igreja cristã na capital do país, em Nova Délhi, no domingo de Páscoa.
Isso, porque, Modi é membro do partido Bharatiya Janata, apontado como ultranacionalista e responsável por promover um discurso de “pureza” nacional responsável pela perseguição aos cristãos e outras minorias religiosas.
Desse modo, a visita de Modi, cujo partido está no poder desde 2014, justamente o período onde a perseguição aos cristãos tem se intensificado, foi alvo de desconfiança por parte de figuras como A.C. Michael, ex-membro da Comissão de Minorias de Délhi.
“É fato que os incidentes de violência contra cristãos aumentaram de pouco mais de 100 em 2014 para 600 até o final de 2022, de acordo com o serviço de linha de apoio gratuito do Fórum Cristão Unido. Este ano, 2023, já testemunhamos 200 incidentes nos primeiros 100 dias”, disse Michael, segundo o Christian Post.
Ultranacionalismo
Os incidentes de intolerância religiosa na Índia estão mais ligados ao ultranacionalismo. São casos onde seguidores do hinduísmo enxergam a fé cristã como uma suposta ameaça “estrangeira”, capaz de comprometer a cultura e tradições locais.
Essa visão, contudo, não possui fundamento histórico, tendo em vista que a fé cristã está presente no país desde o começo do primeiro milênio da era cristã, antes mesmo do apóstolo Paulo ter chegado à Roma (veja aqui), o que derruba a tese de que o cristianismo na Índia seria um importação europeia.
Mas, independentemente de questões históricas, o fato é que a liberdade religiosa não é respeitada na Índia, o que coloca o país na 11ª posição dos que mais perseguem minorias no mundo, segundo a organização Portas Abertas.
E tudo existe sob o aparente consentimento do premiê indiano. “A Suprema Corte da Índia desde 1° de setembro de 2022, repetidamente tem pedido detalhes de violência contra cristãos em toda a Índia e o governo Modi já buscou três recursos, pois não conseguem encontrar incidentes de conversões fortes que são o pretexto para atingir cristãos”, explica Michael.
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