A forma como Deus atua na vida dos seus filhos é singular, mesmo quando isso implica sofrimento físico, por exemplo, dentro de uma prisão. Esse é caso do pastor Arun Sok Nhep, de 56 anos, hoje considerado um dos cristãos evangélicos mais proeminentes do Camboja.
Aos 17 anos Arun estava no Exército do governo, quando o regime de Saloth Sar, mais conhecido como “Pol Pot”, chegou ao poder. O líder autoritário, responsável pelo regime comunista chamado Khmer Vermelho, perseguiu várias pessoas, entre elas o jovem Arun.
“Naquela época, quando eu tinha 17 anos, e meu amigo foi morto na linha de frente. Então a vida para mim era muito fútil, nada poderia ficar para sempre. E isso me fez pensar em espiritualidade, e então me deparei com a Bíblia e comecei a ler”, disse Arun em uma entrevista passada para o The Phnom Penh Post.
“Eu percebi que todos os combates, guerra, ódio, violência, tudo isso resultou do pecado. Eu era de origem budista, então o conceito de pecado ou de um deus pessoal era bem novo para mim”, explica o pastor.
Arun foi preso no Vietnã, depois foi deportado para o Laos, onde sofreu humilhações e torturas, isso na década de 70. Só em 1977 o jovem soldado conseguiu fugir para a França, onde teve a oportunidade de recomeçar a sua vida e se dedicar ao cristianismo.
Após anos estudando teologia, Arun se tornou pastor e o primeiro cambojano a traduzir a Bíblia para o Khmer. Atualmente ele também faz parte da Sociedade Bíblica do Camboja, Vietnã e Laos e é consultor da Sociedade Bíblica Unida.
Arun explica que apesar de tudo o que sofreu, Deus sempre esteve no controle de tudo. Cabe ao ser humano reconhecer os propósitos do Senhor para sua vida e decidir seguir, exatamente como fez o jovem soldado quando ele ainda estava dentro da prisão.
“Deus tem um objetivo, tem um propósito, mas quando você perde esse propósito, esse é o pecado. Mas não é necessariamente uma má ação, pode ser mental”, conclui o pastor.