O procurador da República Deltan Dallagnol afirmou que o trabalho da Operação Lava-Jato é técnico, imparcial e apartidário durante sua palestra na 96ª Assembleia da Convenção Batista Brasileira (CBB).
Dallagnol, que se tornou um dos rostos associados à força-tarefa que investiga os desvios de recursos da Petrobras – ao lado do “japonês da Federal – afirmou que os integrantes da equipe que faz as investigações ficaram estarrecidos com os valores do escândalo.
“Apenas em propina paga, no caso da Petrobras, foram R$ 6,2 bilhões. Isso é apenas a ponta do iceberg. Uma estimativa da ONU aponta que no Brasil, são desviados anualmente cerca de 200 bilhões de reais. Isso é três vezes o orçamento federal em educação, três vezes o orçamento federal em saúde e cinco vezes do que se gasta no Brasil anualmente com segurança pública”, estimou.
Até agora, o Ministério Público Federal (MPF) apresentou denúncias contra cerca de 180 pessoas por crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e formação de organização criminosa. Dallagnol ressaltou que é de extrema importância que o trabalho da Lava-Jato seja detalhista: “Política é a leitura que alguns investigados tentam fazer do nosso trabalho, como estratégia de defesa”, argumentou.
“O meu único objetivo de estar no Ministério Público desde que eu ingressei, em razão do meu perfil cristão, é estar lá para buscar fazer justiça, buscar amar o próximo distribuindo a justiça e dando o meu melhor para que a justiça seja feita no nosso País”, acrescentou Dallagnol.
Entretanto, segundo o procurador, seu trabalho é árduo e ainda tem um longo caminho pela frente: “Nós somos o paraíso da impunidade para os réus de colarinho branco. O índice de punição da corrupção, segundo estudo publicado pela Fundação Getúlio Vargas, é de 3%. Ou seja, de 100 casos de corrupção, apenas 3 chegam a punição criminal. Se você está achando que desses 3% as pessoas vão presas, você está enganado — elas vão apenas prestar serviços a entidades sociais ou pagar cestas básicas”, lamentou.
Segundo informações do portal Guia-me, Dallagnol pontuou que o combate à corrupção passa por uma mudança de cultura: “Nós temos um cenário onde a pessoa levanta cartazes contra a corrupção, mas quando ela vai ser multada ela é a primeira a oferecer propina para o guarda. É uma perspectiva válida porque o problema de corrupção é individual”.