A psicóloga Ana Mercês Bock, da PUC-SP, disse em entrevista à Folha de S. Paulo que os kits anti-homofobia produzidos pelo Ministério da Educação na gestão Fernando Haddad (PT) e pelo governo do Estado de São Paulo no mandato de José Serra (PSDB) são oportunos. Ela ainda defendeu que é necessário fazer uma abordagem direta junto às crianças e adolescentes, alunos das escolas da rede pública.
“Quando se trata de temas fortes, tabus, é importante que a abordagem seja radical, senão você abafa o problema. É preciso causar choque”
Na interpretação da psicóloga o conteúdo dos vídeos não possuem exagero e não incentivam a bissexualidade. “Não dá para dizer que há incentivo à bissexualidade, até porque [a orientação sexual] não é algo que se resolva de repente”, opinou ela, sobre o polêmico vídeo. “Num conjunto de vídeos em que também há lésbicas e travestis, é válido”, acredita Ana Mercês.
A matéria da Folha segue citando outro especialista que concorda com a linha de pensamento da psicóloga. A reportagem ainda compara os kits produzidos na gestão Haddad no Ministério da Educação e por Serra quando esteve no governo de São Paulo.
O jornalista Reinaldo Azevedo, da Veja escreveu em seu blog sobre o assunto. Ressaltando o tom liberal da publicação, ele escreve que “Dona Ana Bock acredita que, enquanto pais e mães estão no trabalho, certos de que seus filhos estão na escola aprendendo português e matemática, seus respectivos filhos devem é estar sendo submetidos pelo estado a uma política de ‘choque’ no que concerne à sexualidade.
E conclui: “fica parecendo que a ‘psicologia do choque’ é um consenso científico, é o bom senso, é a verdade da inquestionável”.
Vídeos
Em um dos cinco vídeos que integram o material do MEC conta a história de Bianca, um rapaz adolescente que decidiu vestir-se com roupas de menina. Na história, o jovem luta para ser reconhecido como mulher, apesar das ameaças de agressão que sofre no ambiente escolar.
Em outra peça do material que seria distribuído nas escolas da rede pública, há um desenho animado que apresenta um adolescente que sente atração sexual por um colega. Apesar de confuso, decide começar um relacionamento com ele.
O kit anti-homofobia, conhecido como kit gay, foi vetado pela presidente Dilma Rousseff depois da pressão de grupos evangélicos e católicos no Congresso. Dilma suspendeu a distribuição do material em escolas públicas de todo o país.
“O governo defende a educação e também a luta contra práticas homofóbicas. No entanto, não vai ser permitido a nenhum órgão do governo fazer propaganda de opções sexuais”, afirmou na época.
Por Jussara Teixeira para o Gospel+