O mês sagrado do islamismo, Ramadã, é um período em que os muçulmanos se dedicam ao jejum e preces, e também costuma ser marcado por atentados terroristas de religiosos extremistas. Em resposta, uma iniciativa de evangelismo criou, há 28 anos, uma campanha de oração para que seguidores de Maomé se convertam ao Evangelho de Jesus Cristo.
David Garrison foi responsável por idealizar, em 1992, o projeto missionário chamado Global Gates, após ter viajado ao longo de três anos por países de maioria muçulmana para entender um fenômeno intrigante: no Ramadã, ocorre uma onda de conversão de seguidores do Islã ao Evangelho.
Na ocasião, ele entrevistou mais de mil ex-muçulmanos que haviam entregados suas vidas a Jesus: “O que descobri foi esse notável impulso e movimentos em direção a Jesus Cristo coincidiu com o início dos 30 dias de oração pelo mundo muçulmano, 28 anos atrás”, disse ele em entrevista à emissora Christian Broadcasting Network (CBN News).
Sua jornada missionária por mais de 400 mil quilômetros na investigação sobre os casos de conversão em massa de muçulmanos ao Evangelho resultou em uma estratégia, compartilhada com Paul Filidis, que o ajudou a lançar o movimento de oração no Ramadã.
“Voltei para casa e me sentei com meu amigo Paul e contei a ele sobre esses movimentos que estamos vendo, provavelmente, 84% de todos os movimentos que já aconteceram na história aconteceram nos últimos 30 anos, e foi quando Paul olhou para mim e disse: ‘David foi quando começamos 30 dias de oração pelo mundo muçulmano’”, relembrou Garrison.
O missionário acrescentou que, embora os muçulmanos não saibam que cristãos de todo o mundo oram por eles, Deus sabe e responde ao clamor: “E como ele prometeu, nossas orações estão destruindo fortalezas, abrindo corações e nos alinhando como cristãos com o desejo de Deus para que o mundo muçulmano conheça Seu Filho, Jesus Cristo”, concluiu.
Seu trabalho missionário ao longo das décadas resultou num livro, intitulado A Wind in the House of Islam: How God is Drawing Muslims Around the World (“Um vento na Casa do Islã: Como Deus está atraindo muçulmanos ao redor do mundo”, em tradução livre.
Ramadã
O recrudescimento da intolerância religiosa por parte de extremistas muçulmanos durante o período do Ramadã tem, entre outras, duas facetas que mais se destacam aos olhos dos cristãos: fanatismo e conversões.
Um exemplo do fanatismo crescente se deu em 2017, quando uma página brasileira dedicada ao islamismo no Facebook pregou rituais de tortura aos muçulmanos que não cumprirem o jejum no mês sagrado da religião, sugerindo que se pendurassem pelas pernas aqueles que quebrassem o período de abstinência.
No mesmo ano, um homem muçulmano foi a um culto para interromper a celebração, mas terminou entregando sua vida ao nazareno, de acordo com um relato da Missão Portas Abertas.
Roman (nome alterado por razões de segurança) visava perturbar os cristãos que haviam deixado o islamismo, pessoas que ele considerava “traidores da verdadeira fé”, e agia sempre para confrontar, perseguir, desafiar e atormenta-los.
No entanto, durante um Ramadã em 2017, ele decidiu que iria agir de forma mais ousada e intensa, e foi a uma Igreja Batista de sua região para “interromper os traidores da verdadeira fé”.
“Fui ao culto daquela igreja durante o Ramadã, porque me considerava um muçulmano devoto. Eu [queria] provar minha fé em Alá, interrompendo aquilo que eu considerava uma traição ao Alcorão”, relembrou.
Ao chegar ao templo, sentou-se e começou a repassar seu plano mentalmente. No entanto, quando o culto começou e o pastor passou a pregar, Roman não conseguiu por seu plano em prática. As palavras que ouviu o deixaram sem ação.
Pela primeira vez ouvi sobre um Deus que me amava. Eu nunca soube que o Deus Todo-Poderoso me amava, embora eu não seja perfeito”, relembrou. O contato com a mensagem de amor do Evangelho cicatrizou feridas internas com as quais ele não conseguia lidar. “Esse pensamento [de ser amado, embora eu não seja perfeito], nunca entrava em minha mente. Eu sempre me sentia culpado. Eu sentia que tinha que ganhar a atenção de Deus pelo o que eu fazia”, acrescentou.
Às lágrimas, ele foi tomando conhecimento sobre a disposição de Deus em perdoar e demonstrar misericórdia a quem o busca. De perseguidor, Roman estava se tornando um seguidor de Jesus.