O pastor Yago Martins se tornou alvo de perseguição do movimento “red pill”, formado por homens reacionários ao feminismo, por sua postura de rejeitar ideias que, apesar da aparência bíblica em alguns aspectos, divergem das Escrituras em questões básicas, como por exemplo, o perdão.
Circula nas redes sociais um vídeo com um trecho de um sermão de Yago Martins em que ele prega sobre o perdão como uma das ferramentas que Deus usa para restaurar casamentos em crise.
Na edição, memes são usados para ridicularizar a seguinte fala do pastor e youtuber: “Eu já aconselhei muitos homens que sofreram com adultério de suas esposas. E é sempre muito doloroso, sempre muito chocante. E sempre os homens me perguntam ‘se fosse você, o que você faria?’. Não sei como eu reagiria. Eu sei como eu gostaria de reagir. Eu sei que eu gostaria de ser dos que perdoam, permanecem e restauram”.
No trecho seguinte, a legenda da edição substitui a palavra “mal” por “chifre”: “Eu sou pecador como você. Eu não sei o que eu faria nos dias difíceis, mas eu sei como eu gostaria de agir, eu sei qual tipo de espírito que meu coração deveria ter diante do poder do Evangelho. Eu acho que nós deveríamos todos nos preparar para isso. O mal pode vir até nós, e quando o mal chegar até nós, a gente tem que ter força para aguentar o mal, mas não só isso. A gente tem que ter a compaixão para perdoar o mal. Não é fácil, nada disso”.
Esse posicionamento adotado por Yago rejeita movimentos como o chamado “red pill” – uma apropriação do termo usado no filme Matrix para o despertar para verdades esquecidas a respeito da vida, sociedade, filosofia e política – e o ainda mais radical MGTOW (sigla em inglês para “man going their own way”, que em português pode ser traduzido como “homens seguindo o seu próprio caminho” sem a companhia e parceria de uma mulher.
A ira do “red pill” contra o pastor adepto da teologia reformada se dá por conta de um vídeo de 06 de abril deste ano, quando Yago comparou esse movimento ao feminismo, indicando que suas ideias são tão antibíblicas quanto o da ideologia promovida pelos movimentos de esquerda.
Na ocasião, Yago afirmou: “As perspectivas sobre masculinidade e feminilidade na Igreja são atacadas à direita e à esquerda. À esquerda a gente tem um pessoal dizendo que ser homem e ser mulher não significa nada intrinsecamente, você pode ser trans, definir seu gênero de acordo com sua percepção, crianças não podem ser ensinadas em padrão de gênero, não existe papel de homem, não existe papel de mulher”.
“Por outro lado, às direitas, nós temos um pessoal que define o que um homem é, o que uma mulher é, o que é que Deus quer do homem, o que Deus quer da mulher, de forma extremamente dura, sem nenhuma nuance, com convicções absolutas sobre o que é de mulher e o que é de homem […] e que possuem uma visão extremamente hierárquica entre homens e mulheres”, acrescentou.
De acordo com o pastor, tanto feminismo quanto o machismo (nesse caso, na figura do movimento “red pill”) são motivados pelo pecado: “Veja, como complementarista – que eu acredito ser a visão bíblica acerca da masculinidade e feminilidade – homens e mulheres são complementares no Reino de Deus, dotados de igual valor, de papeis muitas vezes distintos na família e na Igreja, por mais que esses papeis também se toquem, também possuem papeis iguais, na Igreja e na família, mas alguns papeis são diferentes, por exemplo, por isso que eu não acredito que mulheres podem ser pastoras, que os homens são os principais provedores financeiros de suas famílias”
Em reação à zombaria com seu posicionamento, Yago Martins reiterou a defesa da visão teológica sobre o assunto: “O pessoal redpill fica bravo, mas o evangelho não me constrange. Podem zombar de mim. No fim, é de Cristo que zombam. Espero que encontrem o perdão que tanto necessitam”, escreveu o pastor em sua conta no Twitter.
O pessoal redpill fica bravo, mas o evangelho não me constrange. Podem zombar de mim. No fim, é de Cristo que zombam. Espero que encontrem o perdão que tanto necessitam. 🙂 https://t.co/TnKA8fNpJY
— Yago Martins (Dois Dedos de Teologia) (@doisdedosdeteo) June 1, 2023