As comemorações pelos 500 anos da Reforma Protestante – que serão completados em 2017 – já começaram, e o papa Francisco está participando de um evento na Suécia nesta segunda-feira, 31 de outubro, que marca os 499 anos.
De acordo com o pontífice católico, a iniciativa do então padre Martinho Lutero aproximou a Bíblia das pessoas: “Lutero deu um passo decisivo, colocando a palavra de Deus nas mãos do povo. A importância das reformas e da Bíblia são dois dos elementos fundamentais nos quais podemos ter um apreço mais profundo ao falar da tradição luterana”, afirmou Francisco.
A declaração do papa foi feita à revista católica sueca Signum, na última sexta-feira, 28 de outubro. O papa vem reiterando seu desejo de aproximar as relações entre sua denominação e as igrejas de tradição protestante.
“Precisamos aprender a transcender nossas limitações para nos juntarmos a outras pessoas, se não os cristãos vão ficar prejudicados por nossas divisões. Minha esperança é que poderei dar passos para aproximarmos uns aos outros, para nos aproximarmos aos meus irmãos e irmãs que vivem na Suécia”, disse ao jornal Dagens Nyheter, ciente de que no país a maioria é protestante, seguidos de ateus/agnósticos e apenas 1,2% de católicos.
A ideia do papa em participar da celebração dos 499 anos da Reforma Protestante e dos 50 anos do começo do diálogo entre luteranos e católicos, organizada pela Federação Luterana Mundial, é transmitir a ideia de que as diferenças teológicas das duas tradições já não motivam mais os ataques e guerras que ocorreram nos séculos passados.
Depois de participar do evento com os luteranos, o papa celebrará uma missa junto à comunidade católica nórdica: “Não quis que fosse nem no mesmo dia nem no mesmo lugar da reunião ecumênica, para manter os dois eventos separados. O encontro ecumênico deve ter sua importância vital no espírito de unidade, esse é também meu espírito”, destacou.
A luta de Francisco para aproximar as duas tradições vem desde os tempos em que atuava como arcebispo em Buenos Aires. E na entrevista à revista católica, Jorge Mario Bergoglio contou que essa inspiração surgiu na juventude, quando recebeu ajuda do pastor luterano sueco Anders Ruuth, que viveu na capital argentina entre 1950 e 1960: “Foi um período difícil na minha vida do ponto de vista espiritual. Confiei nele, abri meu coração. Foi de grande ajuda nessa situação”, relembrou Francisco.