O pastor e escritor Ricardo Gondim publicou em seu site um artigo de reflexão sobre as consequências de atos e escolhas. Em seu texto, o líder da Igreja Betesda aborda a extensão do bem ou mal que determinada opção pode causar quem as toma, e a terceiros.
A possibilidade de ajudar ou atrapalhar com determinada decisão é descrita pelo pastor como uma faca de dois gumes: “Podemos ser pedra no caminho ou ponte sobre águas; fim de picada ou avenida de possibilidades; péssima memória ou saudade sorridente; causa de úlcera ou ombro amigo; responsáveis, de alguma forma, por rostos felizes ou por taquicardias. Curamos e produzimos stress. Massageamos contusões e ferimos auto estima. Ensinamos a dar a volta por cima e enlameamos”.
Gondim ainda afirma que como fuga das dificuldades, o ser humano aprendeu a driblar os obstáculos:”Se a carne for dura, aprendemos a cozinhar. Se ver os mortos apodrecendo a céu aberto aumenta a dor da perda, aprendemos a enterrá-los. Se mover uma carga se mostra dificultoso, aprendemos a utilidade da roda”, exemplifica o pastor, que menciona, dentre outros, a pregação de doutrinas em nome de Deus como forma de censura: “Tem o outro lado. Quando ir e vir incentiva a liberdade, erguemos porteiras. Para aumentar domínios, organizamos exércitos. Para intimidar e fazer valer interesses egoístas, invocamos a chancela de Deus”.
Afirmando não crer em sorte, mas em pessoas capazes de influenciar positiva ou negativamente, Gondim afirma que “as estrelas não afetam a sorte das pessoas – elas estão longe demais – com a mesma força que uma pessoa, tão próxima. Azar ou sorte, eis a questão, diz respeito a todos”.
Confira abaixo a íntegra do artigo “Azar ou sorte, eis a questão”, do pastor Ricardo Gondim:
Não acredito em sorte, acredito em pessoas que dão sorte aos outros – e não tenho como negar, alguns trazem azar. Sou da opinião de que definimos destinos. Podemos ser pedra no caminho ou ponte sobre águas; fim de picada ou avenida de possibilidades; péssima memória ou saudade sorridente; causa de úlcera ou ombro amigo; responsáveis, de alguma forma, por rostos felizes ou por taquicardias. Curamos e produzimos stress. Massageamos contusões e ferimos auto estima. Ensinamos a dar a volta por cima e enlameamos.
Fomos criados para nos tornar criadores. Daí, na breve história da cultura, termos conseguido nos especializar em obstáculos. Se a carne for dura, aprendemos a cozinhar. Se ver os mortos apodrecendo a céu aberto aumenta a dor da perda, aprendemos a enterrá-los. Se mover uma carga se mostra dificultoso, aprendemos a utilidade da roda. Mas tem o outro lado. Quando ir e vir incentiva a liberdade, erguemos porteiras. Para aumentar domínios, organizamos exércitos. Para intimidar e fazer valer interesses egoístas, invocamos a chancela de Deus.
Muitos embaraços do futuro nascem do querer. Por onde andará Maria, que feri? Por onde andará José, que decepcionei? Os meninos que o presbítero da igreja navalhou tiveram qual sorte? Em que medida a professora do beabá foi responsável pela sensibilidade do poeta? O que dizer do trauma da menina que o pai bolinou? Quem inspirou aquele santo homem nos tempos de criança?
A palavra falada, a reação impensada, o elogio espontâneo, o comentário en passant, tudo serve na construção do amanhã. Não há como abandonar o porvir a um quietismo ingênuo. Ninguém pode se escusar sob um fatalismo, tipo “o que será, será”. Alguém pode rir ou sofrer porque vidas se tangenciaram.
As estrelas não afetam a sorte das pessoas – elas estão longe demais – com a mesma força que uma pessoa, tão próxima. Azar ou sorte, eis a questão, diz respeito a todos.
Soli Deo Gloria
Por Tiago Chagas, para o Gospel+