Ricardo Gondim, que décadas atrás pregava eloquentemente a mensagem do Evangelho, com evidentes raízes pentecostais, sinalizou na primeira década dos anos 2000 que se enxergava fora do movimento evangélico. Desde então, essa ruptura tem se explicitado mais intensamente, e agora o líder da Igreja Betesda manifestou sua aversão à teologia.
Uma das características que Gondim sempre compartilhou em seus sermões e livros foram as reflexões sobre questionamentos existenciais, e em tempos distantes, procurava no texto bíblico as respostas às dúvidas e angústias cotidianas.
Agora, já rompido com o movimento evangélico e transformando a Betesda em uma igreja inclusiva, que nega a doutrina bíblica que reprova a homossexualidade, Ricardo Gondim vem expondo suas frustrações com as consequências de suas próprias escolhas. Meses atrás, queixou-se do esvaziamento de sua congregação. Agora, mira suas baterias contra a teologia.
“A teologia foi madrasta desalmada para mim; prometeu me ensinar a trilha ao divino, mas me jogou na rinha onde os fundamentalistas se estraçalham. No dia em que não li de acordo com os ditames da ortodoxia clássica, me vi à mercê de crentes cruéis. Fui de pastor a leproso”, lamentou o líder religioso.
Hábil com as palavras, Gondim transparece que esperava da teologia uma ferramenta que o permitisse cultivar boas relações em vez de anunciar o Reino de Deus e Sua justiça: “Sob uma tempestade de granizo, acordei para uma verdade: a reta doutrina é impotente para gerar amigos e não forja delicadezas. Todos os que pretendiam sistematizar o conhecimento de Deus, me trataram com sordidez, covardia e frieza”.
O desabafo de Gondim na publicação feita em seu Instagram reduz “o novo mandamento” à afirmação das escolhas humanas, sem a repreensão pelos erros: “Anelo por respirar a beleza de Deus através dos poetas e da poesia. Independente dos credos – ou da falta de credos – cada um tem que fazer o seu próprio caminho enquanto caminha. Descobri tardiamente que nesse caminho, nossa vocação maior é lavar, com lágrimas, as dores que nos rodeiam. Recebemos de Deus um único mandado: o de oferecer colo, transformando nossos braços em berço, para que os viajores perdidos achem um porto de descanso”.
Mesmo rompido com evangélicos e desprezando o estudo da Palavra de Deus, Gondim demonstrou suas prioridades ao tentar restabelecer um canal de diálogo com o segmento quando o representante de sua ideologia política demandou apoio para aprovação do chamado PL das Fake News, uma tentativa de legalizar a censura contra os divergentes do politicamente correto.