Em tempos de lacração, uma novela que pretende falar sobre segunda chance já se tornou alvo de polêmicas. Segundo Sol, que será exibida pela TV Globo na faixa das 21h00, se passará na Bahia, e terá como pano de fundo das histórias o candomblé, uma das religiões afro mais comuns no estado nordestino.
O autor João Emanuel Carneiro vai contar a história do cantor de axé Beto Falcão, um personagem que abraça a corrupção depois que seus CD’s explodiram em vendas após um acidente de avião em que ele é dado como morto. Aproveitando que ninguém sabe que ele sobreviveu, passa a desfrutar dos ganhos.
Além da religião afro-brasileira em destaque, a novela pretende fugir do lugar comum ao explorar os recantos do Brasil para além do eixo Rio-São Paulo, mas Segundo Sol nem começou e já está sendo alvo de críticas de atores baianos, que se queixam de ausência de artistas “da terra”, segundo informações da revista Veja.
“Tão logo se anunciou que retrataria a Bahia, atores “da terra” reivindicaram mais espaço. Na semana passada, a escalação ensejou debate sobre cotas raciais na TV: Segundo Sol incorreria em discriminação ao valer-se de atores brancos para representar uma cidade de população majoritariamente negra. De fato, sete em cada dez habitantes de Salvador declaram-se negros ou pardos, e apenas meia dúzia dos trinta personagens centrais (ou 20% do total) são negros”, destacou o jornalista Marcelo Marthe.
Os problemas de elenco na novela teriam motivado uma reunião de atores com a direção da emissora. Os artistas, insatisfeitos com a pouca quantidade de negros entre os personagens, teriam recebido um e-mail com orientações para responder aos questionamentos sobre o assunto.
Segundo o jornalista Léo Dias, do jornal O Dia, a Globo negou que tenha imposto um discurso a seus atores e tentou explicar a situação: “Na época da escalação de Segundo Sol discutiram-se nomes como o de Taís Araújo, que não poderia pois está em Mister Brau, e de Camila Pitanga, que não se sente pronta para voltar às novelas, depois do acidente que causou a morte de Domingos Montagner no final de Velho Chico“.
“De fato, ainda temos uma representatividade menor do que gostaríamos e vamos trabalhar para evoluir com essa questão. É importante esclarecer que conversas como as que aconteceram na quarta-feira são comuns e, inclusive, encorajadas numa empresa que preza a transparência e o diálogo com seus colaboradores”, concluiu a emissora.