Ricardo Gondim vem acentuando seu distanciamento do segmento evangélico ao longo dos últimos anos, e na última quarta-feira, 05 de outubro, reiterou sua opinião favorável à homossexualidade e, mais uma vez, negou a soberania de Deus.
Há pelo menos onze anos, Gondim vem expressando sua incredulidade sobre a soberania de Deus, direcionando sua principal crítica à linha interpretativa calvinista – predominante entre igrejas reformadas – como forma de alicerçar suas opiniões.
Em 2011, Ricardo Gondim concedeu uma entrevista ao jornal O Povo e afirmou que a hipótese de Deus ser soberano atribuiria responsabilidade a Ele pelo “orgasmo do pedófilo”. Nessa mesma entrevista, o pastor da Igreja Betesda defendeu a união civil entre pessoas do mesmo sexo.
Agora, mais radical, esses dois temas continuam sendo explorados por Gondim para justificar sua militância político-ideológica de esquerda. Em sua conta no Instagram, o pastor da Betesda afirmou que “o futuro não está pronto” e justificou sua visão sobre a Bíblia dizendo que “Deus é amor” e “quem ama jamais controla”.
“Corolário essencial: Deus não está no controle. A vaca sagrada do calvinismo, a soberania, pode se basear num ou noutro versículo na Bíblia, mas nunca se sustentará no todo da narrativa”, escreveu.
Ricardo Gondim, conhecido por mal disfarçar sua repulsa por quem pensa diferente – afirmou em 2018 que cariocas e fluminenses mereciam “o esgoto em que atolaram” por elegerem candidatos que não contavam com seu apreço – já mirou sua artilharia também em pentecostais e o levou a dizer que uma maioria evangélica no Brasil tornaria o país uma sociedade “mais perversa que a dos aiatolás iranianos”.
Militância política
Há anos que, tudo que Ricardo Gondim fala e prega é direcionado à sua visão política. A rejeição ao “movimento evangélico”, expressada anos atrás, já era uma oposição à participação da bancada evangélica na política nacional.
Agora, mais radical, admite que direcionou a congregação que dirige para novas direções nos campos da teologia, da homossexualidade e da política. “Na frente teológica, afirmei e continuo a afirmar que o futuro não está pronto. Se inexiste, Deus, em sua onisciência, desconhece o futuro como realidade já acontecida”, introduziu Gondim.
Seu argumento é que o tempo como é percebido pela humanidade se impõe a Deus: “Repito: o futuro é uma construção humana e as alternativas inevitáveis podem ser mudadas com nossas decisões. Disse, e ainda repito: a opção de conhecer a Deus como onipotência é grega. Advogo que o atributo essencial de Deus repousa numa afirmação joanina: Deus é amor”.
Sobre sua defesa da homossexualidade, contra milênios de interpretação da doutrina divina em relação ao tema, Gondim afirmou: “Na frente, sexualidade, afirmo sem hesitar: homossexualidade não é pecado. A homoafetividade não é condenada nas Escrituras e Jesus nunca tocou no assunto”.
“Sou de esquerda. Não me refiro à categoria ‘Esquerda’ como comumente se conhece desde a Revolução Francesa. Sou de esquerda porque leio em Atos que os primeiros seguidores de Jesus ‘dividiam o que tinham e ninguém passava necessidade’. Sou de esquerda porque trato o capítulo 25 de Mateus como fulcral em minha espiritualidade. Sou de esquerda porque leio a Epístola de Tiago como revelação divina”, resumiu.
Ao final, Gondim declarou que a oposição à legalização do aborto, das drogas ou ao comunismo são “pautas moralistas”, ecoando declarações do ex-presidente Lula (PT) sobre essas matérias: “Essa pauta da família, a pauta dos valores é uma coisa muito atrasada”.
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