A Sociedade Brasileira de Genética (SBG), publicou recentemente uma nota na qual endossa as críticas do biólogo Eli Vieira ao pastor Silas Malafaia na polêmica a respeito da influência da genética na orientação sexual de uma pessoa.
Em seu texto a SBG reafirma a opinião exposta pelo biólogo de que a “orientação sexual humana é uma característica multifatorial, influenciada tanto pelos genes como também pelo ambiente”. Outro ponto destacado na nota é o de que nem o fator genético nem o comportamental tem efeito determinante por si só para definir essa faceta do comportamento humano, descrito na nota como o “resultado de uma interação complexa entre genes e ambiente”.
– Alegar que a genética nada tem a contribuir na compreensão da origem deste comportamento é ignorar meio século de avanços na nossa área. – ressalta a SBG, que encerra declarando ser verdadeiramente importante “que as pessoas não sejam julgadas pela sua orientação sexual ou identidade de gênero, mas apenas pela firmeza de seu caráter”.
Leia a nota na íntegra:
7 de março de 2013
A Sociedade Brasileira de Genética endossa as informações fornecidas pelo biólogo Eli Vieira em resposta ao pastor e psicólogo Silas Malafaia acerca das bases genéticas da orientação sexual.
A orientação sexual humana é uma característica multifatorial, influenciada tanto pelos genes como também pelo ambiente. Há fortes evidências de que o substrato neurobiológico para a orientação sexual já está presente nos primeiros anos de vida. Não há evidência de nenhuma variável ambiental controlável capaz de modificar de maneira permanente a orientação sexual de um indivíduo. Assim, essa faceta do comportamento humano é resultado de uma interação complexa entre genes e ambiente, em que nenhum dos dois tem efeito determinante por si só. Alegar que a genética nada tem a contribuir na compreensão da origem deste comportamento é ignorar meio século de avanços na nossa área.
Entendemos, também, que os fatos acerca dessa questão são desvinculados do debate ético sobre os direitos das pessoas que manifestam orientações sexuais e identidades de gênero.
No entanto, neste momento histórico em que o físico Stephen Hawking faz campanha para que o governo britânico se retrate pelos males que causou a Alan Turing, homossexual e pai do computador, expressamos que nós, como cientistas, desejamos um mundo mais igualitário, em que as pessoas não sejam julgadas pela sua orientação sexual ou identidade de gênero, mas apenas pela firmeza de seu caráter. Um mundo assim é um mundo mais receptivo ao pensamento científico, que se constrói de forma humilde e tentativa, em vez de dogmática e impositiva.
Porém, em seu site, Silas Malafaia afirma que a nota da SBG na verdade foi um “tiro que saiu pela culatra”, e no fim endossa suas opiniões sobre o tema. Destacando o trecho do texto que diz que o “comportamento humano é resultado de uma interação complexa entre genes e ambiente, em que nenhum dos dois tem efeito determinante por si só”, Malafaia defende que essa afirmação “não comprova absolutamente nada, cientificamente falando”.
O pastor diz ainda que “fortes evidências na ciência não indicam a verdade científica”. E que “o instrumento da verdade científica é o experimento, a observação”. Malafaia diz ainda que “o documento da SBG não tem a ver com genética, e sim com filosofia e direitos humanos” e que “quem escreveu este documento está legislando em causa própria”.
Por Dan Martins, para o Gospel+