A saga de fantasia Star Wars é uma das franquias de cinema mais bem-sucedidas de todos os tempos e acaba de lançar um novo filme, “Rogue One”, derivado dos filmes que contam a história da ascensão do vilão Darth Vader e da rebelião contra o maligno Império.
Os filmes, desenhos animados, livros e jogos de vídeo-game de Star Wars contam com uma classe de personagens que inspira em muitos fãs a ideia do sobrenatural. Na Inglaterra, um grupo de aficcionados tentou tornar a Ordem Jedi dos filmes em uma religião oficial, mas as autoridades recusaram o pedido.
Segundo informações do portal Terra, a Comissão da Caridade – órgão do governo britânico que registra e fiscaliza organizações de beneficência – estabeleceu que o Jediísmo (a adoração aos cavaleiros Jedi) não é uma religião, e assim, pôs fim à tentativa de oficializar o fanatismo, que surgiu como uma piada de ateus durante pesquisa do Censo 2001 no país.
As razões apontadas pelos responsáveis foram que “o Jediísmo não promove melhorias éticas ou morais” em seus adeptos, conforme exige a legislação que regula esse tipo de instituição na Inglaterra e no País de Gales.
Além disso, a Comissão da Caridade pontuou que o movimento “não possui os elementos espirituais e não seculares” que fundamentam uma religião, e também não constam provas suficientes de que a “melhora moral” é parte intrínseca das convicções de seus seguidores.
Os avaliadores disseram também não enxergar a “coerência, coesão ou seriedade” característicos de uma crença verdadeira.
Piada levada a sério
Quando o Censo 2001 foi feito, pela primeira vez havia sido incluída uma questão sobre crença religiosa, e alguns ateus, de forma sarcástica, se organizaram para responder que eram seguidores do “jediísmo”.
Dez anos depois, 177 mil pessoas se declararam jediístas no Censo 2011. Se a Comissão da Caridade reconhecesse o “jediísmo” como religião, esta seria a sétima mais popular na Inglaterra e País de Gales.
Culto Star Wars
Enquanto alguns ateus usam a estória criada por George Lucas para fazer piada com a fé alheia, alguns líderes cristãos aproveitaram a onda criada com o lançamento dos novos filmes da saga para traçar paralelos entre pontos do filme e a mensagem cristã, como estratégia de evangelismo.
Os idealizadores da estratégia são os seminaristas Lucas Ludewig e Ulrike Garve, de uma igreja em Berlim, na Alemanha. Sua proposta é atrair os fãs para uma reflexão sobre as mensagens apresentadas nos filmes, com uma analogia entre as tradições cristãs e os conceitos apresentados em Star Wars.
A Igreja Evangélica Zion apostou na veiculação de cenas do sexto filme da saga, “O Retorno de Jedi”, e na trilha sonora clássica, além do sorteio de ingressos para o cinema.
O contexto que embasa a ideia dos seminaristas surge no terceiro filme, “A Vingança dos Sith”, quando Anakin Skywalker é atraído pelo Imperador para o lado sombrio, e sua decisão força sua esposa, que está grávida, a se afastar. Isso o leva a uma batalha contra seu mestre, e ele termina com 90% do corpo queimado e com braços e pernas amputados, obrigando-o a usar a icônica máscara e armadura, e assumir a identidade de Darth Vader.
Décadas depois, na cena decisiva do sexto filme, o filho de Anakin, Luke Skywalker, é assediado por seu pai para se juntar ao lado sombrio. “Luke resiste, com as palavras: ‘Eu nunca vou aderir ao lado sombrio’”, relembrou Ludewig, acrescentando: “Isto corresponde ao versículo bíblico ‘Não deixe o mal conquistá-lo, mas vença o mal com o bem (Romanos 12:21)’”.
“Quanto mais falamos sobre isso, mais paralelismo encontramos entre as tradições cristãs e os filmes. Queremos mostrar estas analogias aos fiéis”, complementou Garve.