Após suscitar polêmicas no Brasil e Estados Unidos, a série animada Super Drags foi cancelada pela Netflix. Dessa forma, a animação desenvolvida por brasileiros não terá uma segunda temporada.
A série animada contava com o cantor Pablo Vittar entre os dubladores e zombava das convicções bíblicas que veem a homossexualidade como um pecado, e apresentava um “pastor” caricato entre os personagens, perpetuando a compreensão equivocada da visão bíblica de libertação da prática, apelidada pejorativamente de “cura gay”.
A decisão de cancelar foi divulgada na última sexta-feira, 21 de dezembro. O jornalista Lauro Jardim, de O Globo, noticiou a escolha da empresa como sendo fruto “onda conservadora”.
Em julho, após o anúncio do lançamento da série animada, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) divulgou uma nota apontando que o desenho, apesar de formas e cores similares aos infantis, era inadequado para crianças.
Simultaneamente, um grupo cristão dos Estados Unidos dedicado a avaliar conteúdos de entretenimento, teceu duras críticas à produção e pediu que a Netflix cancelasse o desenho através de um abaixo-assinado online.
Semanas atrás, a Frente Parlamentar pela Defesa da Vida e da Família do Congresso Nacional publicou nota em repúdio à série, destacando que o desenho “retrata assuntos de cunho moral de forma obscena e não educativa”. O pastor e deputado federal Alan Rick (PRB-AC) pediu que “pais e mães fiquem atentos ao conteúdo que seus filhos estão acessando na TV, internet, celular e outras mídias”, pois a Netflix estaria aplicando esforços para “influenciar sexualmente nossas crianças”.
Em resposta às manifestações, a Netflix reagiu em tom de deboche com campanhas publicitárias. Agora, com a decisão de cancelar a série – provavelmente por conta da baixa audiência – páginas de teor conservador no Facebook tem repercutido o fim de Super Drags com o já popular ditado cunhado a partir das redes sociais: “Quem lacra, não lucra”.