Líderes que representam mais de 80 grupos religiosos e conservadores enviaram uma carta ao líder da minoria no Senado dos EUA, Mitch McConnell, na tentativa de convencer os republicanos a votarem contra a “Lei de Respeito ao Casamento”, que codificaria o direito à união entre pessoas do mesmo sexo em lei federal.
A “Lei de Respeito ao Casamento” (HR 8404) já foi aprovada na Câmara, controlada pelo Partido Democrata, em uma votação de 267 a 157. A pressão para aprovar o projeto é uma resposta dos progressistas à decisão da Suprema Corte que anulou o precedente que permitia o aborto em todo o país.
Na visão dos políticos do Partido Democrata, de esquerda, é que essa decisão indica que o precedente que estabeleceu a união entre pessoas do mesmo sexo, conhecida como caso Obergefell versus Hodges, também seja derrubado.
Os defensores da “Lei de Respeito ao Casamento” citam a opinião concordante do juiz Clarence Thomas da Suprema Corte, que expressou seu desejo de “reconsiderar todos os precedentes substantivos do devido processo deste Tribunal”, incluindo o da união entre pessoas do mesmo sexo, que foi estabelecido em 2015.
Ao mesmo tempo, Thomas sinalizou uma abertura para examinar “se outras disposições constitucionais garantem a miríade de direitos que nossos processos substantivos de devido processo geraram”, de acordo com informações do portal The Christian Post.
Casamento tradicional
O projeto da “Lei de Respeito ao Casamento” recebeu o apoio de 47 republicanos, além de todos os democratas da Câmara.
O grupo de 83 líderes representando organizações e faculdades cristãs e/ou conservadoras chamou atenção para o fato de que o projeto de lei foi “aprovado pela Câmara sem nenhuma audiência pública ou contribuição”.
Dessa forma, essas lideranças religiosas e conservadoras escreveram uma carta ao líder da minoria do Senado, Mitch McConnell (Partido Republicano do Kentucky), pedindo-lhe para reunir os republicanos contra o projeto.
Os signatários incluem pastores, rabinos e outros formadores de opinião conservadores. O texto da carta define o projeto de lei como “um ataque a milhões de americanos, particularmente pessoas de fé, que acreditam que o casamento é entre um homem e uma mulher e que existem distinções legítimas entre homens e mulheres em relação à formação da família que devem ser reconhecidas na lei”.
Além disso, eles alertaram que o projeto “visa acabar com qualquer desacordo, silenciando aqueles com a convicção de longa data de que o casamento entre um homem e uma mulher é essencial para o florescimento humano, uma visão que existe desde o início dos tempos”.
“A verdade é que, embora o HR 8404 não faça nada para mudar o status ou os benefícios concedidos ao casamento entre pessoas do mesmo sexo à luz do [precedente de] Obergefell, faz muito para pôr em perigo as pessoas de fé. O juiz [Samuel] Alito estava certo quando previu que a decisão de Obergefell ‘seria usada para difamar os americanos que não estão dispostos a concordar com a nova ortodoxia’”, aponta a carta.
Os líderes conservadores e cristãos argumentaram que a “Lei de Respeito ao Casamento” vai encorajar grupos ativistas a “processarem indivíduos, organizações e empresas religiosas que operam de acordo com sua crença religiosa profundamente arraigada de que o casamento é entre um homem e uma mulher”.