O julgamento do caso do menino Lucas Terra, que foi abusado sexualmente e queimado vivo dentro de uma filial da Igreja Universal do Reino de Deus em 20o1 caminha para um desfecho.
Os dois pastores acusados da morte de Lucas não serão julgados em júri popular pois a juíza do caso entendeu não haver provas contra os réus.
A acusação contra os pastores surgiu do depoimento do ex-pastor da denominação, Silvio Roberto Galiza, que foi condenado a 18 anos de prisão, depois teve a pena reduzida a 15 e atualmente cumpre a sentença em regime aberto.
Galiza afirmou em depoimento que o menino havia sido morto depois de ter flagrado os dois pastores acusados de sua morte fazendo sexo dentro da igreja. “Ele [Galiza] falou que ele [Lucas] foi morto porque viu, sem querer, os bispos fazendo sexo dentro da igreja”, relembra o pai do menino, Carlos Terra.
Para a magistrada Gelzi Almeida, o depoimento de um condenado não é prova suficiente para levar os réus a júri: “São testemunhas que falam da conduta da Igreja e dos pastores diante do desaparecimento da vítima, e em muitos trechos, se contradizem, inclusive, em relação aos depoimentos prestados no processo contra Silvio Galiza cuja instrução ocorreu no ano de 2002 e o fato em 2001”, pronunciou-se a juíza, de acordo com informações do G1.
Outro ponto da decisão de Gelzi Almeida ressalta que a acusação contra os pastores é permeada de narrações sem provas e sem apoio no depoimento do ex-pastor Galiza: “Outro fator importante, é que a denúncia narra fato que nem as declarações de Silvio Galiza trazem, e que são imputados aos denunciados, ou seja, não tem indícios probatórios também”, escreveu, antes de desqualificar as declarações do ex-pastor em seu parecer: “São contraditórias, inverossímeis, frágeis, e até fantasiosas e tem o firme propósito de eximí-lo da responsabilidade da condenação que já lhe foi imposta. Tais declarações, portanto, revelam-se incapazes de sustentar a acusação e submeter os réus a um julgamento perante o Tribunal do Júri, pois, não traduzem indícios suficientes de autoria”.
O promotor responsável pelo caso, Davi Gallo, demonstrou não aceitar a decisão: “Vou recorrer. Os depoimentos sustentam. Tenho convicção disso”, afirmou.
O pai do menino, protestou e também desqualificou a magistrada: “O meu filho foi queimado vivo. O laudo do DPT prova que lucas estava com vida. É uma juíza substituta que pegou processo outro dia. A família não aceita [a decisão]. Não dá para aceitar. Quem tem que julgar é a sociedade. Não é furto, uma coisa qualquer, acidental”.
Por Tiago Chagas, para o Gospel+