A resolução do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) que obriga os cartórios civis de todo o Brasil a registrarem o casamento gay continua rendendo polêmica país afora. A divergência quanto à legitimidade do órgão para definir temas como esse e o teor da decisão continua acirrando ânimos.
A vereadora do Recife, Michelle Collins (PP) criticou a resolução do CNJ durante discurso na Câmara Municipal da capital pernambucana. “Defendo os princípios bíblicos e da civilização humana, porque desde que o Mundo é Mundo que o homem só pode procriar com mulher, e mulher com homem”, afirmou.
Michelle Collins é evangélica e uma de suas bandeiras é a defesa dos “valores da família tradicional”. Desde a resolução emitida pelo CNJ, Michelle tem se posicionado contra o “novo modelo de união”, e busca apoio entre os colegas para aprovar uma moção de repúdio ao colegiado presidido pelo ministro Joaquim Barbosa.
“O casamento homossexual valida e promove o estilo de vida homossexual”, protestou a vereadora, que entende que “a família corre perigo” com os rumos que a sociedade brasileira vem tomando: “Aqueles que adotarem crianças vão mostrá-las um conceito de educação diferente, com referências, comportamento e valores diferentes. Enfim, a criança é produto do meio. Homem com homem e mulher com mulher não é família. É uma invenção que fizeram agora e querem que a gente estimule, aceite, ache bonito. É muita modernidade. Eu prefiro ser chamada de medieval e garantir os ‘bons costumes’ e o progresso da família”.
A postura da vereadora não é unânime, segundo informações do Blog do Jamildo, no portal NE10. O vereador Jayme Asfora (PMDB) retrucou as afirmações de Michelle dizendo que é importante que todos os brasileiros sejam iguais perante a lei: “O STF disse, com todas as letras, que não há diferença jurídica entre as famílias formadas por um homem e uma mulher e as famílias formadas por dois homens ou duas mulheres. Elas já existem de fato. Agora, todas devem estar sob a proteção do Estado. A Resolução é moderna e boa para sociedade”, defendeu o vereador.
Outro que criticou a postura da vereadora foi Henrique Leite, que citou como exemplo de progresso, as conquistas femininas: “A mulher não podia subir à tribuna para discursar, nem se eleger, nem votar. Mas, a partir da luta delas, hoje tudo isso é possível”, disse.
Leite ainda afirmou que essas conquistas permitiram que Michele tivesse voz para “defender seus princípios religiosos na tribuna”, e completou: “O conceito de família mudou. A história já está desenhada”.
A reação da vereadora foi enfática: “O fato de uma mulher estar aqui na tribuna não muda o fato de ela ser submissa ao marido. Também está errada a mulher que, após conquistar seu direito e seu espaço, ela deixa de ser submissa ao homem. O homem está sim acima da mulher”, disse Michelle Collins.
Por Tiago Chagas, para o Gospel+