Um novo tumulto durante a sessão da Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) levou o pastor Marco Feliciano (PSC-SP) a suspender a sessão e transferi-la para um segundo plenário, vazio.
O deputado havia se disponibilizado a reabrir as sessões da CDHM após conversas com a liderança dos partidos, mas condicionou essa abertura ao comportamento dos manifestantes.
Cerca de 40 manifestantes evangélicos foram cedo à sala da comissão, e ocuparam boa parte dos lugares reservados para os interessados em acompanhar os trabalhos, que se iniciariam às 14h00: “Nós temos um sonho, de proteger a família brasileira, a família dentro dos padrões”, afirmou um dos presentes.
Um dos 15 ativistas contrários a Feliciano que conseguiram entrar na sessão retrucou: “Você sabe o que é amor? Eu sei. Tenho uma família há cinco anos com meu marido. Então não transformem isso aqui num culto, não, isso não é igreja!”.
Os manifestantes continuaram protestando aos gritos de “Não me representa”, e os evangélicos retrucavam aplaudindo Feliciano e os demais deputados. Como os parlamentares não conseguiam se fazer ouvir, Feliciano decidiu transferir a sessão para uma sala ao lado, onde seria permitida a entrada apenas dos parlamentares, assessores, jornalistas e convidados: “Neste momento, dado tudo o que está acontecendo, eu vou suspender a sessão por 15 minutos e nós vamos para o plenário 1 – somente convidados”, determinou Marco Feliciano.
Questionado pelos jornalistas sobre o motivo da decisão de transferir a sessão, Feliciano argumentou que fazia parte de seu dever, manter a ordem para que os trabalhos da CDHM pudessem acontecer: “Uma vez que há tumulto, cabe a mim tomar a decisão de viabilizar o funcionamento da comissão”, disse.
A deputada Érika Kokay (PT-DF), uma das principais opositoras ao pastor, afirmou que entraria com obstrução da sessão devido à forma como Feliciano estava conduzindo os trabalhos: “O PT se encontra neste momento em obstrução porque não reconhece a sua eleição como presidente. Por quatro vezes eu pedi a palavra e não me foi dada. Então, sinto que a reunião está fechada para parlamentares”, alegou a deputada, que ouviu Feliciano responder que o direito à fala “está assegurado”.
Novas polêmicas em vídeo
Novamente, um vídeo do pastor Marco Feliciano pregando durante um culto está gerando polêmica nas redes sociais.
No vídeo da vez, o pastor é acusado de insinuar que o cantor Caetano Veloso teria feito um pacto com o diabo para fazer sucesso, de acordo com informações do jornal O Globo.
“Alguns anos atrás, um cidadão sentado num banquinho, fazendo show com uma viola, cantou uma música chamada ‘Sozinho’ e vendeu, em uma semana e meia, 1 milhão de cópias. Aí perguntaram para Caetano Veloso, qual era o seu segredo. E ele disse: meu segredo é Mãe Menininha do Patuá (sic). Antes de cantar, eu levo para ela que, possuída pelos orixás, diz ‘pode gravar porque eu abençoo’. Não subestime o diabo, porque ele tem poder”, diz o pastor, no vídeo. Na mesma mensagem, o pastor faz menção à cantora Lady Gaga como outra artista que teria pacto com o diabo, e menciona os cantores Irmão Lázaro e Shirley Carvalhaes como exemplos de ungidos de Deus.
Confira o trecho da pregação no vídeo abaixo:
Perante as constantes polêmicas com seu nome, o pastor declarou que tomou a decisão de evitar falar sobre política nos cultos, uma vez que sua declaração sobre a CDHM ter sido “dominada por satanás” antes de sua eleição, causou enorme desconforto em seu colegas parlamentares.
“Para o bem e bom andamento da Casa eu disse que, nos cultos, não toco mais em assunto de política. Culto é lugar de falar de Jesus Cristo”, afirmou, de acordo com informações do G1.
Os constantes embates entre Feliciano e manifestantes diversos, além de políticos, pode ter arranhado a imagem do pastor perante parte do público evangélico.
A jornalista Mônica Bergamo publicou em sua coluna na Folha de S. Paulo a informação de que a empresa de monitoramento Medialogue Digital fez um levantamento na internet e constatou que aproximadamente 12% dos blogs e sites cristãos publicaram críticas a Feliciano após o início das polêmicas envolvendo a CDHM e vídeos com pregações controversas.
O mesmo levantamento também teria constatado que apenas 9% das postagens sobre o pastor Marco Feliciano no Facebook seriam favoráveis a ele.
Por Tiago Chagas, para o Gospel+