A sociedade moderna está envolta em crises de identidade diversas, e isso também diz respeito aos papéis do homem e da mulher. Como reflexo disso, se de um lado há o feminismo, por outro parece estar surgindo movimentos do espectro masculino, como o “Redpill”, tão nocivo quanto o primeiro.
O nome desse movimento faz alusão à pílula vermelha (red pill) citada no filme Matrix, quando o personagem “Neo” é instado a escolher entre ela, que teria o poder de lhe fazer acordar para a verdade, e a azul, que lhe manteria em estado de ilusão.
Assim, os homens adeptos do Redpill teriam por objetivo “despertar” para a sua própria masculinidade, o que pode gerar uma visão distorcida sobre o modo como as mulheres devem ser tratadas.
Esse tema tem sido abordado, por exemplo, em seminários motivacionais, geralmente ministrados por coachings. Para o autor cristão Gutierres Fernandes Siqueira, contudo, o movimento de suposta afirmação da masculinidade deve ser condenado pelos homens cristãos.
“Seus defensores alegam que a sociedade está se tornando excessivamente feminina e que os homens estão perdendo sua ‘virilidade’. Os movimentos normalmente enxergam as mulheres, de maneira geral, como interesseiras, infiéis e mentirosas”, diz o autor.
Siqueira continua: “Infelizmente, muitos cristãos tradicionalistas acabam se identificando com esses grupos, confundindo valores bíblicos com os conceitos pagãos dos movimentos de masculinidade.”
Identidade bíblica
A crítica de Gutierres Fernandes Siqueira reside no fato de que a masculinidade bíblica não tem qualquer relação com o tipo de ideal masculino pregado pelo movimento Redpill ou semelhantes.
Isso, porque, na prática, tanto o feminismo quanto o “masculinismo” são frutos de uma sociedade que tem cultivado uma identidade distante de Deus, resultando em excessos e distorções quanto aos diferentes papéis do homem e da mulher.
“É importante lembrar que a amabilidade, a paciência, a mansidão, o controle da violência e o domínio próprio são valores fundamentais do cristianismo, que são frutos do Espírito Santo na vida do crente”, explica Siqueira.
“Infelizmente, essas características são muitas vezes mal interpretadas pelos membros do movimento de masculinidade como ‘sensibilidade feminina’. É importante ressaltar que esses valores não são exclusivos de um gênero ou outro, mas são fundamentais para uma vida cristã verdadeiramente bíblica”, continua o autor.
Paganismo velado
Gutierres, por fim, conclui que a popularização dos movimentos de afirmação masculina podem ser, na realidade, uma forma velada de paganismo. Neste caso, o “deus” idolatrado é o próprio ideal de masculinidade perfeita.
“A estética do movimento Redpill e similares, que costuma ostentar imagens de deuses gregos, revela uma origem da mentalidade pagã que não condiz com os valores cristãos”, acredita o autor.
Os homens, portanto, devem se firmar no que a Bíblia ensina sobre feminilidade e masculinidade. “Embora Jesus tenha se encarnado como homem, ele não se encaixou nos moldes de imposição de força que muitas vezes são exaltados pelo movimento Redpill”, conclui. Veja:
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