Membros de uma igreja doméstica no norte da Índia não podem mais se reunir para cultuar depois do ataque realizado por 150 extremistas hindus durante um momento de adoração.
O caso registrado na área de Nawada, distrito de Dehradun, no estado de Uttarakhand, mostra o tamanho da fúria contra o cristianismo na Índia: o grupo de aproximadamente 15 cristãos estavam reunidos em uma casa quando foram atacados por 150 hindus radicais.
“Minha sogra suspeitou que poderia ser uma multidão de ativistas do RSS [extremista hindu Rashtriya Swayamsevak Sangh] e nos alertou que eles devem ter se reunido para nos atacar”, disse o pastor Bhomi, 37 anos.
A igreja estava realizando cultos no último andar da casa que ele e sua esposa, Deeksha Pal, possuem. Sua sogra sugeriu que eles trancassem o portão de entrada principal e conduzissem os cultos silenciosamente, sem música ou microfone, relatou o pastor: “Trancamos o portão e ficamos dentro de casa, sem fazer barulho”.
“Logo encontramos a multidão com mulheres liderando na frente batendo no portão tentando arrombar a fechadura”, acrescentou ele, explicando que a motivação dos radicais era evidente: “‘Abram o portão, vamos conversar! Vamos conversar!’”.
Antes de abrir o portão, o pastor ponderou que se houvesse algo para conversar, apenas dois ou três deles precisavam entrar: “‘Por que vocês vieram como uma multidão de mais de 100?’ nós os questionamos, mas eles continuaram repetindo que deveríamos abrir a fechadura, e eles só falariam conosco”.
Covardia
“Enquanto eles batiam e empurravam o portão, naquela luta a fechadura foi solta por nós, e imediatamente a multidão de cerca de 150 correu para dentro do local como águas de inundação. Eles foram por toda a casa vandalizando cada objeto em sua vista, e alguns deles estavam carregando lathis. Eles bateram em qualquer lugar do corpo violentamente”, contou o pastor.
Sua esposa, sogro, cunhado e outras duas mulheres membros da congregação ficaram gravemente feridas, segundo informações do Morning Star News. “Eles receberam golpes de lathi no estômago, pescoço e mãos. Enquanto eles continuavam nos espancando, alguns dentre a multidão roubaram nossos celulares, laptops e danificaram o instrumento musical”.
O espancamento continuou até que a polícia chegou e dispersou a multidão. Depois de tomarem seus depoimentos, os policiais disseram para eles irem à delegacia às 19h para receber uma cópia do boletim de ocorrência.
Má vontade
Porém, o pastor acusa a Polícia de retardar as investigações: “No início, a polícia disse que, como os agressores não são conhecidos por nós, os casos seriam registrados contra eles como desconhecidos. Mas um dos membros da nossa igreja, que era um ativista do RSS, se apresentou para nomear 11 dos agressores que são bastante conhecidos na cidade como líderes do RSS”.
A partir daí, a Polícia na colônia de Nehru nomeou os agressores Devendra Dobal, Bijendra Thapa, Sudheer Thapa, Sanjeev Pal, Sudheer Pal, Dheerendra Dobal, Arman Dobal, Aryaman Dobal, Anil Hindu, Bhupesh Joshi e Bijendra no B.O. Embora tenham identificado os suspeitos, os policiais não incluíram as declarações que os membros da igreja deram sobre o ataque: “Parecia que a polícia também estava sob pressão, já que as alegações que fizemos na queixa real desapareceram”.
“A polícia havia escrito sua própria versão em um tom sutil para que seções rigorosas da lei não fossem atraídas. Os rostos dos agressores são vistos tão claramente no vídeo, mas a polícia não tomou nenhuma ação contra eles até agora”, disse o pastor Bhomi. “Eles apenas nos dizem que a investigação está em andamento”.
Preocupados com a situação, os membros da pequena igreja doméstica agora só participam de cultos online: “Temos adorado apenas virtualmente por enquanto. Não há nenhuma outra igreja por pelo menos 20 quilômetros nesta área. O Evangelho ainda não foi pregado em muitas áreas deste pequeno estado”, finalizou o pastor.