O ex-presidente Lula (PT), denunciado à Justiça pela Operação Lava-Jato por crime de corrupção e lavagem de dinheiro, comparou-se a Jesus em popularidade em um pronunciamento feito na última quinta-feira, 15 de setembro.
Lula, ciente de que as acusações contra si são graves e permeadas de fortes indícios, evitou falar em honestidade quando comparou-se a Jesus e desviou o foco das acusações: “Eu estou falando como cidadão indignado. Eu tenho história pública conhecida. Só ganha de mim no Brasil Jesus Cristo”, disse o ex-presidente.
“Tenho a consciência tranquila e mantenho o bom humor. Me conheço, sei de onde eu vim, sei para onde eu vou, sei quem quer que eu saia e sei quem quer que eu volte”, acrescentou.
Com um discurso que ressaltou suas ações, como se estivesse em campanha, disse que seu mandato foi o que mais registrou ações para fortalecer o Brasil: “Um país forte precisa de instituições fortes. É como uma família: o pai sempre tem que ter mais responsabilidade para com a família do que o filho […] Quero que a polícia seja forte, mas que seja responsável”, disse.
“Não é que somos mais honestos que ninguém. É que nós tiramos da sala o tapete que escondia a corrupção neste país. Vale para o PT e para qualquer outro partido […] Ninguém está acima da lei. Nem o ex-presidente, nem o procurador-geral, nem o ministro da Suprema Corte […] Mas procurem outro para criar problema”, disse.
Por fim, Lula finalmente falou francamente sobre sua orientação de esquerda: “Eu tenho orgulho de ter criado o mais importante partido de esquerda da América Latina. E ter criado o partido quando muita gente achava impossível criar. Não foram poucos artigos dizendo que os trabalhadores não tinham competência”, disse, sem mencionar que a esquerda no Brasil, hoje, se resume a defender questões como aborto, ideologia de gênero, feminismo extremista e outros temas minoritários.
Afeito a espetáculos dramáticos, Lula chorou três vezes durante seu discurso, se disse “orgulhoso em saber que a perseguição [a ele] é por causa das coisas boas que eu [Lula] fiz”, e concluiu: “Provem uma corrupção minha que irei a pé para ser preso”
Confira o pronunciamento do ex-presidente Lula:
Delírios de grandeza
Lula costuma usar o nome de Jesus como quem dá “bom dia”. Recentemente, comparou a ex-presidente Dilma ao nazareno dizendo que ela enfrentaria o Judas Iscariotes em seu julgamento no Senado.
Anteriormente, em janeiro desse ano, afirmou que não havia nenhuma pessoa sequer no Brasil mais honesta que ele, nem dentro das igrejas: “Se tem uma coisa [de] que eu me orgulho, neste país, é que não tem uma vivalma mais honesta do que eu. Nem dentro da Polícia Federal, nem dentro do Ministério Público, nem dentro da Igreja Católica, nem dentro da igreja evangélica. Pode ter igual, mas eu duvido”.
Em novembro do ano passado, o ex-presidente deu a entender que a culpa da corrupção no petrolão é de Deus: “Eu espero que um dia Deus, vendo tudo que está acontecendo no Brasil, carimbe na testa das pessoas o que ele vai ser quando ele tiver um emprego —se vai ser ladrão, se vai ser honesto ou não”, disse Lula, atribuindo a Deus omissão no caso.