O deputado federal e ativista gay Jean Wyllys (PSOL-RJ) voltou a protagonizar um episódio de acusação a terceiros por homofobia, sem provas, e ignorando o trabalho dos médicos socorristas e policiais que atenderam a ocorrência.
Wyllys usou suas páginas nas redes sociais para atribuir a morte do adolescente Peterson Ricardo Teixeira de Oliveira, de 14 anos, filho adotivo de um casal gay, à uma suposta postura homofóbica de seus colegas de escola.
No dia 05 de março, o rapaz foi socorrido e internado em estado de coma após se envolver em uma discussão na escola. O motivo seria o bullying praticado pelos colegas de Peterson por ele ter pais adotivos homossexuais. O adolescente passou mal e precisou ser socorrido, segundo informações do R7.
Com o adolescente no Hospital Regional de Ferraz de Vasconcelos, na Grande São Paulo, surgiram versões de que ele teria sido espancado pelos colegas por causa dos pais gays. Peterson estudava na mesma escola desde os seis anos de idade.
Um irmão de Peterson, de 15 anos, disse ter presenciado a confusão, e a partir daí, formou-se a teoria de espancamento. “Eu não sabia que meu filho sofria preconceito por ser filho de um casal homossexual. O delegado que nos informou. Estamos tristes e decidimos divulgar o que aconteceu para que isso não se repita com outras crianças”, disse Márcio Nogueira, um dos pais adotivos.
Violência?
No entanto, as secretarias estaduais de Educação e de Saúde negaram a versão da família em notas oficiais, A primeira destacou que não havia nenhum registro de agressão no interior da unidade onde o adolescente estuda, e a segunda, informou que Peterson havia dado entrada no hospital com parada cardiorrespiratória e hemorragia, mas sem “sinais externos de violência física”.
Peterson faleceu no dia 09 de março, após passar quatro dias internado em estado gravíssimo. O laudo do exame necroscópico constatou que o adolescente morreu de causas naturais, reforçando que o corpo “não demonstra sinais de violência externa”.
“Concluímos que o periciando era portador de cardiomiopatia hipertrófica que ocasionou o quadro de tromboembolismo pulmonar que o levou a óbito, portanto, morte natural”, dizia o laudo, afirmando que o fato de Peterson possuir o miocárdio com tamanho exagerado – o que pode provocar arritmias e paradas cardiorrespiratórias – foi o que o levou à morte.
Homofobia?
Ignorando as informações preliminares das secretarias estaduais de Educação e Saúde, Wyllys usou as redes sociais no dia 06 de março e afirmou que o caso de Peterson era mais um de homofobia.
“Duas notícias sobre o mesmo horror; duas notícias sobre a desigualdade existencial – construída pela exclusão – que experimentamos e ameaça nossas vidas e fere nossa dignidade e a de nossas famílias [Nossas famílias existem e merecem existir com dignidade e plenamente como qualquer outra!]. Será que os defensores do famigerado Estatuto da Família, ao advogarem contra nossas famílias e contra nosso direito a ter e ser família, sentem-se responsáveis de alguma forma por esse crime?”, escreveu o deputado no Facebook.
O jornalista Felipe Moura Brasil, colunista do site da revista Veja, afirmou que a posição de Jean Wyllys era a de quem pretendia “tirar proveito político da tragédia alheia”, e acrescentou que o deputado tem como hábito atribuir “à homofobia toda morte de gays envolvida em algum mistério”, relembrando casos como o do jovem homossexual Kaique Augusto dos Santos, 17 anos, quando o ex-BBB atribuiu sua morte aos evangélicos. A investigação constatou que Kaique havia cometido suicídio por causa de uma frustração amorosa.
“Isto só foi um assassinato homofóbico na cabeça dos fraudadores de estatísticas […] Tirar proveito político disso é coisa de vigaristas, ainda mais acusando, de antemão, adolescentes de criminosos”, concluiu Moura Brasil.