A Igreja Alcance Curitiba decidiu processar o pastor Anderson Silva pelas acusações feitas de acobertamento de um suposto crime cometido por Marcus Grubert em 2010, quando ele e a esposa, Heloisa Rosa, eram membros da congregação na capital paranaense.
Grubert, que está preso nos Estados Unidos acusado de abuso sexual contra uma criança de seis anos. Ele aguarda o julgamento em prisão preventiva. A repercussão do caso fez surgir uma nova acusação, dessa vez envolvendo uma mulher que em 2010 trabalhava para o ministério de Heloisa Rosa.
Segundo as alegações, a mulher – à época com 25 anos de idade – teria sido dopada por Grubert com uma taça de vinho e abusada sexualmente. O pastor Anderson Silva diz ter sido procurado por ela para denunciar o caso, visto que ele tem dedicado seu tempo a expor casos dessa natureza no meio evangélico.
Diante de suas conclusões, Anderson Silva acusou a Alcance Curitiba de ter acobertado um crime, visto que a moça alega ter sido abusada. Em resposta, a igreja divulgou um comunicado em que rejeita de forma veemente as acusações feitas pelo pastor do Distrito Federal.
“Os fatos estão sendo apresentados de forma distorcida. Portanto, as infâmias e acusações infundadas contra a Alcance estão sendo tratadas perante as autoridades competentes”, diz o comunicado, que reitera que o caso não foi apresentado à liderança da igreja, em 2010, como um crime, mas sim como um adultério.
A nota da Alcance não cita o nome de Marcus Grubert e nem da mulher que faz a acusação, assim como também não cita Anderson Silva de forma direta, mas referencia Heloisa Rosa como parte do contexto envolvido.
“Houve confissão de fatos por parte dos envolvidos, inclusive da pessoa que era funcionária da Heloisa, a qual na época era maior, capaz, com 25 anos de idade. Nunca foi reportado nenhum fato como crime de abuso sexual. Caso fosse essa a versão, a pessoa teria sido encaminhada às autoridades competentes”, enfatiza a igreja.
Luciano Subirá
Com o anúncio do processo, Anderson Silva fez uma live em que reiterou suas críticas à Alcance e citou nominalmente o pastor Luciano Subirá, que integra o corpo de pastores da igreja.
Anderson Silva considera que “a Alcance está demonstrando que não faz parte da Igreja do Senhor Jesus, porque ela quer continuar calando pessoas, ao invés de apoiar vítimas, abre processo contra mim”.
“Luciano Subirá, se você honra verdadeiramente seu legado espiritual, teológico, você é um pai doutrinário desse país, pare tudo que você está fazendo e se arrependa como homem mediante os pecados estruturais que sua casa cometeu”, acrescentou Silva.
Confira a íntegra da Nota de Esclarecimento da Alcance Curitiba:
“A Alcance Curitiba, diante das acusações recentes de acobertamento de um caso de abuso sexual (em 2010), esclarece que os fatos estão sendo apresentados de forma distorcida. Portanto, as infâmias e acusações infundadas contra a Alcance estão sendo tratadas perante as autoridades competentes. Algumas considerações que pontuamos:
1. Acusação pública sem audiência prévia: o acusador nunca procurou nos ouvir antes de nos acusar em público, apesar da advertência bíblica: ‘Responder antes de ouvir é tolice e vergonha’ (Pv 18.13). Até os romanos, parte de um Império de grande impiedade, agiam melhores do que isso. O governador Festo afirmou: ‘Eu lhes disse que não é costume dos romanos condenar quem quer que seja, sem que o acusado tenha presentes os seus acusadores e possa defender-se da acusação’ (At 25.16).
2. Confissão religiosa e ausência de fato como crime: na época, houve confissão de fatos por parte dos envolvidos, inclusive da pessoa que era funcionária da Heloisa, a qual na época era maior, capaz, com 25 anos de idade. Nunca foi reportado nenhum fato como crime de abuso sexual. Caso fosse essa a versão, a pessoa teria sido encaminhada às autoridades competentes. Aliás, essa é a nossa posição e a instrução que damos em público e, inclusive, já o fizemos: diferente de pecados, crimes não devem ser tratados por líderes espirituais; devem ser reportados à Justiça.
3. Respeito ao Sigilo Confessional: o sigilo de confissão é ético e legalmente amparado e sua violação implica em ilícitos cível e criminal; por isso não discutimos em público nenhum atendimento pastoral. Não daremos satisfações públicas ao acusador que não nos procurou para conversa privada de esclarecimentos. Além do presbitério de governo local, temos supervisores externos, de fora da igreja, e responderemos, também, um dia, no tribunal de Cristo. Fora isso, respondemos às autoridades competentes. A internet não é o foro onde discutiremos o assunto.
4. Equívocos na acusação supostamente bem-intencionada: o acusador, provavelmente bem-intencionado e até mesmo zeloso quanto a inúmeros abusos e escândalos nos arraiais evangélicos, está decidido a separar o joio do trigo. Contudo, ignora a clara instrução de Jesus sobre o perigo de equivocar-se na interpretação de quem é quem. Essa insensatez propaga injustiças e põe em xeque a credibilidade de gente íntegra, cujo Juiz é Deus.
5. Importância da investigação prévia e justa: nenhum abuso é aceitável; por outro lado, processos investigativos são necessários e bíblicos. Vale lembrar que a Bíblica registra que José foi injustamente preso, no Egito, por uma acusação falsa. Por isso a determinação das Escrituras de uma investigação acurada: ‘Uma só testemunha não poderá se levantar contra alguém por qualquer iniquidade ou por qualquer pecado, seja qual for que cometer; pelo depoimento de duas ou três testemunhas se estabelecerá o fato’ (Dt 19.15). Essa não é uma tentativa de inocentar alguém que está sendo acusado por outro crime. Se houve, na época qualquer violência, a mesma não foi reportada dessa forma pelas pessoas envolvidas. Portanto, a acusação de negligência e acobertamento para com a igreja é mentirosa.
6. Rejeição de difamações: zelamos pela integridade e respeito aos princípios bíblicos. Esse ministério tem anos de uma conduta coerente e honesta e é um dos nossos maiores patrimônios: ‘Mais vale o bom nome do que as muitas riquezas’ (Pv 22.1). Por isso repudiamos veementemente o ato difamatório e processamos o acusador nos termos da lei, e qualquer valor que vier a ser recebido será doado. Crimes devem ser tratados perante as autoridades e não em postagens de internet.
7. Pedido de oração e respeito às autoridades: oramos por todos os envolvidos. Que haja justiça para os culpados, cura e restauração para os feridos e misericórdia divina sobre todos. Pedimos, ainda, aos nossos membros e também aos que nos acompanham via internet que não se envolvam em discussões e intrigas (nem mesmo para nos defender).
8. Cumprimento das ordens judiciais e princípios cristãos: por fim, é importante sempre destacar que respeitar as autoridades constituídas por Deus é uma responsabilidade que todos devemos assumir seriamente. Em Romanos 13.1,2, somos instruídos a nos sujeitar às autoridades, pois ‘não há autoridade que não venha de Deus; as que existem foram instituídas por Ele’. Similarmente, 1 Pedro 2.13-14 nos encoraja a nos submeter ‘a toda autoridade humana por causa do Senhor’.
Atitudes de desrespeito a ordens judiciais revelam um espírito de maledicência e desobediência. As decisões judiciais devem ser respeitadas e cumpridas ou, se houver fundamento, devem ser contestadas através dos canais legais apropriados. Quando não há mais recurso possível, as decisões injustas, como as mencionadas em Romanos 13, devem ser enfrentadas de forma discreta e sem alarde, como exemplificado pela atitude dos apóstolos em Atos 5.29, quando Pedro e os demais apóstolos disseram: ‘Antes, importa obedecer a Deus do que aos homens’. Eles enfrentaram (inclusive sendo açoitados – At 5.40) as consequências de sua obediência a Deus com firmeza e discrição, sem tumulto ou alarde.
9. Compromisso com a transparência e a Justiça: portanto, reafirmamos nosso compromisso com a verdade, a justiça e a integridade, e confiamos que a justiça divina e humana prevalecerão trazendo luz aos fatos e justiça a todos os envolvidos”.