Após recorrer à imagem do ex-presidente Lula (PT) para promover a ideia de prosperidade, agora a organização do 7º Congresso Fogo de Avivamento para o Brasil está sendo criticada por supostamente fazer “acepção de pessoas” com a criação de uma “área VIP” no evento.
O evento será realizado nos próximos dias 12 a 18 de fevereiro, com a presença de pregadores pentecostais, como o pastor Marco Feliciano (PSC-SP), e dos controversos neopentecostais Benny Hinn, Mike Murdock e apóstolo Agenor Duque.
A entrada na “área VIP” do evento custa R$ 1.000 por cada dia. O alto custo do ingresso vem acompanhado de promessas como acomodações confortáveis e uma “ministração especial” do televangelista Benny Hinn.
Para a blogueira Vera Siqueira, o que a Igreja Plenitude do Trono de Deus, responsável pela organização do evento, está fazendo chama-se “acepção de pessoas”, pois oferece condições especiais para alguns poucos em um evento religioso.
“Levando-se em conta que é um evento patrocinado por uma igreja dita evangélica, ou seja, cristã, será que a existência de uma área vip é justificada biblicamente? […] Infelizmente, a regra em muitas igrejas é a acepção de pessoas”, opinou Vera, fazendo referência à passagem bíblica de Tiago 2:8-10: “Todavia, se cumprirdes, conforme a Escritura, a lei real: Amarás a teu próximo como a ti mesmo, bem fazeis. Mas, se fazeis acepção de pessoas, cometeis pecado, e sois redarguidos pela lei como transgressores. Porque qualquer que guardar toda a lei, e tropeçar em um só ponto, tornou-se culpado de todos”.
A prática, segundo a blogueira, não é exclusiva da denominação responsável pela organização do evento. A “acepção de pessoas” nas igrejas evangélicas é recorrente. “Distingue-se primeiro pelo vestuário: deve-se estar vestido adequadamente, seja com trajes sociais em umas, seja com jeans rasgado e tatuagens em outras. Quem se veste fora do padrão da comunidade costuma ser malvisto […] Quem dá grandes dízimos é logo convidado a participar mais proximamente da administração da instituição, ou é ‘ungido’ para algum cargo eclesiástico. Já os menores dizimistas conseguem, quando muito, trabalhar na portaria ou na limpeza do templo”, observa.
Ao final, Vera Siqueira endurece sua crítica ainda mais e diz que a prática é oposta ao princípio do Evangelho de Jesus: “A verdade é que rico não gosta de ficar junto de pobre. Como, em tese, as igrejas são espaços nos quais qualquer um pode entrar, alguma coisa tem que ser feita para evitar o contato com pessoas indesejadas. Assim, cria-se uma ‘área VIP’, onde só entra quem tiver um bom poder aquisitivo (afinal, R$ 1.000,00 por cabeça não é pouco). Ao se vender essa vantagem, satisfaz-se o público que as igrejas mais adoram (o dos altos dízimos e ofertas), fideliza-se esse povo endinheirado e mantém-se a arrecadação em alta e com boas perspectivas de crescimento. Não fosse pela ‘área VIP’, muitos desses nem iriam a esse evento, afinal é grandemente desconfortável ter que encarar uma gigantesca fila na entrada e o contato direto com corpos suados e pessoas de outro nível social e cultural. Esse é o cristianismo que certas igrejas têm vendido ao seu povo. Mas esse não é o cristianismo do Nosso Senhor Jesus Cristo”, conclui.