Reunidos para a 59ª Assembleia Geral na última sexta-feira (29), bispos da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), órgão ligado à Igreja Católica, divulgaram uma carta aberta onde alertam sobre supostas “tentativas de ruptura” institucional no país.
O documento constitui uma crítica velada ao presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, que há meses vem levantando questionamentos sobre a confiabilidade do sistema eleitoral brasileiro.
A carta diz que o risco de ruptura tem sido propagado “abertamente” no país, o qual teria por finalidade “colocar em xeque a lisura do processo eleitoral”. Bolsonaro, por sua vez, tem condicionado a segurança das eleições à participação as Forças Armadas no processo.
Esta semana, por exemplo, o chefe do Executivo afirmou que os militares fizeram uma recomendação técnica ao Tribunal Superior Eleitoral, dando a entender que falava de um método de auditagem dos votos paralelo ao da Corte, mas não por via impressa.
“Não se fala ali em voto impresso”, disse o presidente se referindo à sugestão dos militares. “Não precisamos de voto impresso para garantir a lisura das eleições, mas precisamos de ter uma maneira, e ali naquelas nove sugestões existe essa maneira para a gente confiar nas eleições”.
Manipulação religiosa
Além das críticas aos questionamentos sobre o sistema eleitoral, os bispos da CNBB também alegaram que lideranças religiosas no país estariam manipulando a população por interesses políticos.
A carta condena a “manipulação religiosa, protagonizada tanto por alguns políticos como por alguns religiosos, que coloca em prática um projeto de poder sem afinidade com os valores do Evangelho de Jesus Cristo”.
Por fim, segundo o Metrópoles, a CNBB reitera o seu “apoio às Instituições” e rechaça “ações autoritárias”, novamente sem fazer referência ao chefe do Executivo ou a seus apoiadores.
“Tumultuar o processo político, fomentar o caos e estimular ações autoritárias não são, em definitivo, projeto de interesse do povo brasileiro. Reiteramos nosso apoio às Instituições da República, particularmente aos servidores públicos, que se dedicam em (sic) garantir a transparência e a integridade das eleições”, diz o texto.
O pastor e deputado federal Marco Feliciano reagiu à nota, em tom de ironia, fazendo alusão aos ministros do Supremo Tribunal Federal, mas sem citá-los nominalmente.
“A CNBB emitiu uma carta criticando supostas ‘tentativas de ruptura institucional’. Mas do q essa gente está falando? A única ruptura institucional q vi ultimamente foi juízes perseguindo parlamentares por emitirem opinião [sic]”, postou o parlamentar.
CNBB emitiu uma carta criticando supostas “tentativas de ruptura institucional”. Mas do q essa gente está falando? A única ruptura institucional q vi ultimamente foi juízes perseguindo parlamentares por emitirem opinião. Ah tem o seu lider q tenta esquecer partes da Bíblia.🤔
— Marco Feliciano (@marcofeliciano) April 30, 2022