Ser uma igreja genuinamente cristã na China significa travar uma batalha com o governo local, regido atualmente pelo ditador Xi Jiping, líder do Partido Comunista Chinês (PCC), que agora está determinando que igrejas passem a exibir em suas fachadas um slogan de veneração ao comunismo.
A denúncia foi feita pela organização Portas Abertas, que atua na área de vigilância religiosa há décadas, em praticamente todo o planeta. Segundo a entidade, as medidas foram adotadas de início na província de Zhejiang.
De acordo com a denúncia, as igrejas dessa província, assim como outros edifícios religiosos, são obrigados a ter na fachada os seguintes dizeres: “Ame o partido comunista, ame o país e ame a religião.”
Em outras palavras, a ordem do escrito coloca o amor ao Partido Comunista e o patriotismo acima da fé (“religião”), equiparando questões de ordem ideológica e terrenas a algo que para os cristãos não se comparam à fé em Jesus Cristo.
Sinicização
A medida tomada pela ditadura chinesa segue a lógica de um processo conhecido como “sinicização”, que nada mais é do que moldar tudo o que existe no país, em termos de valores, costumes e até mesmo de fé, aos preceitos do Estado controlador.
Neste sentido, até mesmo a religião deve servir de ferramenta para a promoção das ideologias do governo, se curvando aos ideais do regime, mesmo que isso implique em sua descaracterização e o abandono dos reais ensinamentos doutrinários.
“Esta instrução foi feita pelo Departamento de Assuntos Religiosos da província e acredita-se ser um caso de teste ‘antes da possível implantação em outras áreas do país'”, informou a Portas Abertas internacional.
Segundo uma testemunha local, a descaracterização dos templos tem sido tão marcante que a preocupação é que alguns cidadãos se confundam, não sabendo mais se os edifícios são, de fato, locais de culto cristão ou prédios oficiais do governo.
“Devido ao aumento da vigilância e das restrições, muitas igrejas domésticas pararam de se reunir em grupos maiores e se dividiram em grupos menores. Outros costumavam se encontrar online, mas isso se tornou mais difícil, pois as autoridades chinesas prestam mais atenção às atividades on-line”, conclui a Portas Abertas.
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