O senador e ex-presidente da República Fernando Collor (PTB-AL) teria encomendado um “despacho de macumba” contra o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que comanda investigações contra ele.
A informação sobre os rituais de religiões afro-brasileiras foi publicada pelo jornalista Lauro Jardim, especializado nos bastidores da política, em sua coluna no site do jornal O Globo.
O “despacho” teria sido encontrado por agentes da Polícia Federal (PF) em julho, durante busca e apreensão da Operação Politeia, um desdobramento da Lava-Jato, que investiga o envolvimento de Collor em esquemas de corrupção e lavagem de dinheiro. Durante a busca, a PF apreendeu diversos carros de luxo do senador.
“Em 1992 não deu muito certo, mas Fernando Collor ainda aposta em expedientes nada terrenos para se livrar de encrencas. Na última vez em que esteve em sua casa, em julho, a PF encontrou um despacho de macumba endereçado a Rodrigo Janot e Fábio George da Silva, o homem-forte de Janot no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP)”, publicou Jardim.
O jornalista relatou ainda que os policiais puderam identificar nomes de entidades cultuadas por adeptos de religiões afro no “despacho” que teria sido encomendado pelo senador: “Numa mesa, os agentes encontraram uma foto do conselho do CNMP com os rostos de Janot e de George assinalados num círculo feito a caneta. Acima da foto, numa folha de papel com o timbre do Senado, os nomes de vários orixás: Iemanjá, Elegbara, Oxalá, Ogum, entre outros”, concluiu.
A informação sobre o trabalho de macumba contra um procurador da República repercutiu intensamente na imprensa brasileira.
A menção de Jardim a 1992 no texto da notícia é uma alusão às revelações feitas pela ex-primeira-dama Rosane Malta, que em várias entrevistas afirmou que o ex-marido fazia sacrifícios de animais e outros rituais na Casa da Dinda durante a campanha eleitoral e também durante seu conturbado mandato.