Os cristãos na Nigéria, mesmo sob intensa perseguição, têm se reunido para louvar a Deus e exalta-lo. Um vídeo gravado recentemente mostra um grande congresso de oração com milhares de fiéis reunidos.
A entidade International Christian Concern (ICC) recebeu o vídeo e seu presidente, Jeff King, expressou a satisfação em ver a resiliência dos fiéis, que mesmo sob intensa perseguição no país africano, não se intimidam em congregar para louvar a Deus:
“Recentemente recebemos algumas imagens poderosas de uma conferência de oração no estado de Plateau da Nigéria. Se você acompanha o ICC há algum tempo, sabe que esta região é um centro de violência onde as comunidades cristãs são constantemente alvo de militantes radicais Fulani”, introduziu King.
“No entanto, como mostra o vídeo, esses crentes têm uma alegria profunda que não pode ser roubada. Isso traz à mente uma passagem de Habacuque em que o profeta expressa seus louvores ao Senhor, apesar da destruição que se desenrola ao seu redor. Seja na Nigéria moderna ou no antigo Israel, a mensagem permanece a mesma: o Senhor é digno de nosso louvor, independentemente de nossas circunstâncias, e podemos sempre confiar nEle durante as tempestades da vida”, acrescentou o presidente da ICC.
Perseguição
Essa mesma resiliência demonstrada no vídeo do congresso de oração pode ser vista no trabalho de cristãos que reconstruíram uma igreja em uma vila remota em Guyaku, após um ataque arrasador do grupo extremista muçulmano Boko Haram.
Os ataques, no entanto, são constantes contra os cristãos em geral. No dia 05 de junho, quando era celebrado o Dia de Pentecostes, ao menos 50 fiéis foram mortos em uma igreja.
Os suspeitos do atentado terrorista são muçulmanos de um grupo de pastores de gado da etnia fulani. Depois que os atiradores pararam de atirar e as consequências das explosões foram visíveis na Igreja de São Francisco em Owo, estado de Ondo, o cenário era “uma visão sangrenta de cadáveres, velhos e jovens, principalmente mulheres e crianças” em todo o templo.
O reverendo Andrew Abayomi, que liderava a celebração afirmou à imprensa local que pediu às pessoas “que buscassem refúgio dentro da igreja e trancamos as portas”.
“Algumas pessoas ainda tentaram escapar; o ataque durou cerca de 20 minutos”, relembrou o reverendo.
“O que fizemos de errado? É um crime ir à igreja para servir ao nosso Deus?”, questionou um sobrevivente.
Cerca de um mês antes, muçulmanos destruíram as propriedades de cristãos em Katanga, estado de Bauchi, depois que começaram rumores de que um membro da equipe médica da área, funcionária do governo local de Warji, Rhoda Jatau, havia divulgado um comentário considerado blasfemo contra o islamismo em redes sociais.
“Um muçulmano alegou ter visto um comentário escrito por Rhoda Jatau, 40, uma mulher cristã, insultando Maomé”, disse um morador da área chamado Bitrus Yaro. “Esta informação que o muçulmano passou aos muçulmanos da cidade fez com que incendiassem casas e lojas de cristãos”, resumiu.
Brutalidade
A Nigéria liderou o mundo em cristãos mortos por sua fé entre 1 de outubro de 2020 a 30 de setembro de 2021, somando 4.650, acima dos 3.530 do período correspondente anterior, de acordo com o relatório Lista Mundial de Perseguição da Missão Portas Abertas.
O número de cristãos sequestrados também foi maior na Nigéria, com mais de 2.500, acima dos 990 do ano anterior, de acordo com o mesmo relatório. A Nigéria ficou atrás apenas da China no número de igrejas atacadas, com 470 casos.