Os cristãos que vivem nos países onde a liberdade religiosa e de consciência são garantias constitucionais não sabem o que é sentir na pele os custos da perseguição religiosas em nações como a Coreia do Norte, onde o simples ato de ler a Bíblia pode resultar em tortura, prisão, exclusão social e o afastamento familiar.
Controlada pela ideologia comunista, a Coreia do Norte ocupa por vários anos seguidos a posição número 1° na lista mundial de perseguição religiosa elaborada anualmente pela organização internacional Portas Abertas. E não é por acaso. O testemunho do norte-coreano Seo-jun é mais uma prova desse motivo.
“Após 46 anos de dificuldades constantes, fui para a China. Lá conheci um colega coreano e ouvi dele sobre Deus”, disse ele, segundo informações do God Reports. Jun tomou a mesma decisão de centenas de norte-coreanos que todos os anos buscam fugir dos horrores do comunismo em seu país.
“Minha curiosidade [ao ler a Bíblia] foi despertada imediatamente quando vi este livro, pois ele não é encontrado em nenhum lugar onde eu morava na Coreia do Norte. Eu nunca tinha visto alguém que tivesse uma Bíblia nem tivesse ouvido nenhuma referência bíblica em toda a minha vida até então”, disse Jun.
Anos depois, quando voltou para a Coreia do Norte, Jun levou consigo a Bíblia que ganhou de presente e continuava lendo secretamente, até ser flagrado por um morador e denunciado às autoridades.
“Fui pego com a Bíblia e enviado para um campo de concentração sem julgamento”, disse o cristão, lembrando que foi questionado constantemente pelos guardas sobre a origem da sua fé. “Como você conseguiu sua Bíblia? Quem deu a você e quanto você leu?”, gritavam com ele.
Posto em uma prisão, Jun ficou em condições sub-humanas. “Eu não conseguia esticar as pernas”, lembrou. “Não havia luz e eu mal podia respirar por causa do terrível cheiro da esgoto. Além de ler a Bíblia, eu não fiz nada… meu corpo perdeu toda a sua gordura e fui reduzido a apenas pele e ossos”, lembra.
Exausto pela tortura psicológica e física na prisão, Jun cantava a Deus: “Porque Deus ama o mundo, deu o seu Filho único, todo aquele que nele crê não perecerá, mas terá a vida eterna”. Isso fez com que o seu espírito fosse fortalecido pelo Senhor, até suportar os longos 15 anos que passou na prisão.
Ao sair, Jun não reencontrou seus familiares, porque todos haviam desaparecido. A sociedade lhe excluiu completamente. Ele então voltou para a China, onde foi acolhido por um missionário cristão que lhe deu emprego e alimento, enquanto estudava a Bíblia com ele.
Em 2016 Jun sentiu que Deus havia lhe chamado para fazer missões, pois ouviu em seu coração: “Vá a todas as nações. Faça deles meus discípulos e os batize em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Ensine-os a obedecer a tudo o que eu lhe ordenei. E certamente estarei com você sempre, até o fim dos tempos”.
“Então, eu achei essa passagem nas Escrituras. Todas as nações incluem a Coreia do Norte?”, questionou o norte-coreano na época. De fato, o chamado missionário foi confirmado no coração de Jun, e ele disse ao seu irmão em Cristo: “Estou voltando para a Coreia do Norte para levar essas almas perdidas a Jesus”.
Atualmente Jun é um missionário na Coreia do Norte, onde atua secretamente. Por razões de segurança, o seu nome verdadeiro foi omitido.