O prefeito de Belo Horizonte (MG) decidiu cancelar uma cerimônia de “coroação à nossa senhora dos travestis” que faria parte da virada cultural na capital mineira após lideranças católicas da cidade denunciaram o vilipêndio ao símbolo de sua fé.
A Arquidiocese de Belo Horizonte se manifestou publicamente contra a realização do evento, classificando a iniciativa dos militantes LGBT como um desrespeito à fé cristã católica. Alexandre Kalil (PSD), prefeito da cidade, usou o Twitter para comunicar que o evento estava cancelado.
“Defendo todas as liberdades. Sou católico, devoto de Santa Rita de Cássia. Fiquem tranquilos, ninguém vai agredir a religião de ninguém. Isso não é cultura”, escreveu o prefeito, que também já foi presidente do Clube Atlético Mineiro.
Na última sexta-feira, 19 de julho, dom Walmor Oliveira de Azevedo, arcebispo e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), assinou uma carta pedindo a suspensão do ato na Virada Cultural, alegando que tratava-se de uma “ação preconceituosa e criminosa” por ofender símbolos da fé católica, e convocou todos os fiéis a se manifestarem.
De acordo com informações do portal Hoje em Dia, o ato é voltado especificamente para o público LGBT e já foi encenado pela Academia TransLiterária durante a FIT BH em 2018. Um vídeo que circula nas redes sociais mostra uma paródia da canção Saudação à Virgem Maria, trocando “ave, ave, ave Maria” por “travê, travê, travesti rainha”.
Confira a íntegra do comunicado da Arquidiocese de Belo Horizonte:
A Arquidiocese de Belo Horizonte, por seu Pastor Maior, dom Walmor Oliveira de Azevedo, arcebispo e presidente da CNBB, seus bispos auxiliares, padres, diáconos, religiosos e religiosas, ministros, evangelizadores e povo de Deus, das suas mais de 1500 comunidades de fé, publicamente rebate, com indignação, a ação preconceituosa e criminosa de desrespeito à fé cristã católica, o evento de título “Coroação a Nossa Senhora dos Travestis”.
Exigimos e esperamos que as autoridades competentes e os organizadores suspendam este evento, por ser incontestável fomento ao preconceito e à discriminação, desrespeito aos valores da fé cristã católica, devendo saber que estão comprometendo , gravemente, a paz e o exigido relacionamento cidadão respeitoso.
Os muitos títulos de Nossa Senhora, Mãe de Jesus, são uma riqueza da tradição cristã católica, que refletem a proximidade e a reverência do povo em relação à Maria Santíssima. Na raiz de cada devoção Mariana, residem bonitas tradições e histórias de graças alcançadas, que merecem reverência e respeito. Por tudo isso, causa perplexidade ver, em uma sociedade que carece tanto de fraternidade, atitudes de desrespeito à fé e a Nossa Senhora.
A devoção Mariana nasce e cresce no coração da Igreja. Atravessa gerações graças à fé e à simplicidade do povo. Não é admissível instrumentalizar Nossa Senhora, desrespeitando-a, para se promover um evento que se diz cultural, mas, na verdade, configura-se em agressão à fé cristã católica. Não se cultiva tolerância a partir do desrespeito.
Convocamos todos os católicos a se manifestarem, exigindo respeito e a suspensão imediata desta criminosa ação, um desrespeito. Seja também acolhido o nosso pedido, protocolado junto a autoridades e instâncias competentes de defesa da verdade e da moralidade, das quais se espera o posicionamento legal e urgente, com a proibição desse ato abominável contra a fé cristã católica.
Católicos , paróquias, instituições católicas, associações, movimentos eclesiais e novas comunidades, todos nós, manifestemos fortemente, neste momento, para que prevaleça o bom senso, a verdade e a justiça pela paz!
Defendo todas as liberdades. Sou católico, devoto de Santa Rita de Cássia. Fiquem tranquilos, ninguém vai agredir a religião de ninguém. Isso não é cultura.
— Alexandre Kalil (@alexandrekalil) 19 de julho de 2019