Nem sempre a perseguição religiosa aos cristãos em várias partes do mundo acontece de forma explícita. Em muitos casos, a chamada “perseguição sistêmica” é o método adotado por grupos extremistas, pessoas e governos, interessados em oprimir e eliminar a comunidade cristã em sua região. Uma dessas vítimas foi o paquistanês Anjum Sandhu, condenado a morte em 2016 por suposta “blasfêmia”.
Tudo começou quando Sandhu, que possui várias escolas na cidade de Gujranwala, província de Punjab, foi denunciar que estava sendo extorquido por dois homens, Javed Naz e Jafar Ali, em 2015. Na delegacia, ele disse que os dois exigiam dele somas equivalentes à 1.650,00 (50 mil rúpias).
Os dois acusados foram presos, mas querendo se vingar do cristão, eles disseram que ele havia “usado palavras blasfemas”, supostamente, ofendendo a doutrina islâmica, reconhecida majoritariamente por autoridades no Paquistão. Para comprovar, eles apresentaram uma gravação que teria registrado a voz de Sandhu.
Os áudios foram enviados para um laboratório forense e o resultado concluiu que a voz se parecia muito com a de Sandhu. A justiça então o condenou a morte em 2016 por “blasfêmia”.
Durante esse tempo Sandhu recorreu da decisão, esperando que o caso fosse esclarecido e a verdade revelada. Este mês uma nova análise concluiu que o laboratório utilizado em 2016, na verdade, não tinha competência técnica para realizar a perícia:
“O laboratório forense em Lahore não tem equipamento de reconhecimento de voz. Na ausência de um relatório de comparação de voz, não se pode dizer com certeza que o discurso em questão foi realmente feito por Anjum Sindhu”, diz um trecho da nova sentença, segundo informações do Portas Abertas.
“A chantagem envolvia uma gravação de áudio de uma voz que parecia com a voz de Sandhu. Naz e Ali produziram esse áudio e ameaçaram Sandhu com duras consequências se ele não lhes desse o dinheiro que pediam”, disse
Napoleon Qayyum, um ativista de Direitos Humanos que se envolveu no caso em defesa do cristão.
No final das contas, ficou revelado que os policiais envolvidos no caso também se corromperam, querendo extorquir o cristão devido o seu poder aquisitivo na região. “Sandhu resolveu denunciá-los à polícia. A polícia, ao invés de registrar o caso como extorsão, pediu mais dinheiro de Sandhu, por saber que ele possuía uma rede de escolas e era um empresário bem-sucedido”, acrescentou Napoleon.