O líder da igreja anglicana no Iraque, conhecido como “vigário de Bagdá”, está sob suspeita de usar recursos da denominação para comprar de volta mulheres raptadas pelo Estado Islâmico para serem feitas de escravas sexuais e então libertá-las.
O reverendo Andrew White foi suspenso do cargo de presidente da Foundation for Relief and Reconciliation in the Middle East (FRRME, na sigla em inglês) durante a investigação do caso.
O gesto do líder cristão está sendo investigado pela Comissão de Caridade desde o dia 09 de junho, de acordo com a agência Anglican News.
A organização se recusou a comentar o assunto enquanto a investigação não for concluída: “Não seria apropriado fazer mais comentários sobre uma investigação ativa além de dizer que a Fundação acredita que, nesta fase, que o alegado incidente resultou de um desejo genuíno do reverendo White por ajudar os outros”, disse a FRRME em um comunicado.
Segundo informações do Christian Times, Andrew White negou as acusações, esclarecendo que sua suspensão da presidência da fundação foi uma consequência de “algumas declarações imprecisas” que ele fez sobre o trabalho de caridade com ex-escravas sexuais do Estado Islâmico.
White acrescentou que “em nenhum momento nós pagamos dinheiro para quaisquer terroristas”, e observou que o trabalho da fundação é focado apenas em ajudar aqueles que fugiram e não envolve qualquer troca por dinheiro.
“Nós nunca demos um centavo aos bandidos. Nós apenas ajudamos aqueles que tinham sido libertados”, reiterou o reverendo, em uma entrevista por e-mail ao Religion News Service.
Em suas declarações, Andrew White disse que também nunca trabalhou diretamente com Steve Maman, que lidera a organização Liberation of Christian and Yazidi Children of Iraq e desenvolveu um projeto para libertar mais de 100 ex-escravos sexuais dos extremistas muçulmanos.
Maman reiterou a versão do reverendo em uma entrevista ao Jewish Voice NY: “White não tem nada a ver com o trabalho de libertação. Ele providencia e fornece suporte depois que eles são liberados”.
A organização de Maman está sendo acusada de pagar entre US$ 2 mil a US$ 3 mil ao Estado Islâmico para comprar de volta uma escrava sexual, o que teria sido uma fomentação do mercado de escravas sexuais.
Antes de seu trabalho como presidente da FRRME, o reverendo White era o líder da Igreja Anglicana de St. George, em Bagdá. Quando o Estado Islâmico dominou áreas do Iraque, ele foi encorajado por Justin Welby, o arcebispo de Canterbury – líder máximo da Igreja Anglicana – a fugir para que ele pudesse escapar das ameaças à sua vida por parte dos militantes terroristas.