A situação dos cristãos nigerianos é alarmante, embora o cenário seja constantemente ignorado pela grande mídia: entre janeiro e março deste ano, grupos armados no país mataram 1.900 pessoas, e a maioria das vítimas é cristã.
O relato foi feito pela Missão Portas Abertas, que estudou dados da empresa norte-americana SBM Intelligence sobre os conflitos na Nigéria. A região mais afetada foi a noroeste, com 782 mortes, seguida pela nordeste, com 441; e centro-norte, com 425.
Os diferentes grupos armados são formados por extremistas muçulmanos, e os mais conhecidos são Boko Haram e Estado Islâmico na Província da África Ocidental (ISWAP). Além destes há ainda grupos menores, como os pastores de gado da etnia fulani e gangues de criminosos.
“A ação deles colaborou para que 8,4 milhões de nigerianos da região nordeste precisassem de assistência humanitária e cerca de 4 milhões enfrentassem uma crise alimentar”, diz a Missão Portas Abertas, a partir de relatórios da ONU.
Um dos casos mencionados pela Portas Abertas envolve um ataque do ISWAP em 19 de abril, quando pelo menos 20 pessoas foram mortas ou feridas em um ataque ao mercado em Iware, uma cidade no Leste da Nigéria.
À época, o grupo radical publicou um comunicado em seu canal no Telegram afirmando que “soldados do califado no centro da Nigéria” haviam atacado “uma reunião de cristãos infiéis”.
“No domingo anterior, extremistas fulanis atacaram dez comunidades no estado de Plateau, na região centro-norte da Nigéria, matando mais de 150 pessoas”, recapitulou a Portas Abertas.
A entidade missionária destaca que os ataques recentes a um trem que faz um trajeto entre o Aeroporto Internacional de Abuja a Kaduna, bem como batalhas com forças do governo, indicam uma colaboração entre os diferentes grupos violentos:
“Parece que o país está agora tendo que enfrentar um poderoso monstro de três cabeças, já que Boko Haram, ISWAP, extremistas fulanis e os criminosos estão evidentemente agindo em cooperação uns com os outros”, contextualizou.
O ministro da Informação do Estado, Lai Mohammed, disse à imprensa que os ataques foram resultado de “uma espécie de aperto de mão profano entre bandidos e insurgentes do Boko Haram”.
Os cristãos nigerianos não são o alvo exclusivo dos grupos criminosos, mas são as principais vítimas por conta de também sofrerem perseguição devido à fé em Jesus Cristo: o país subiu duas posições na Lista Mundial da Perseguição 2022, sendo agora o 7º país mais hostil para cristãos.
A Portas Abertas fez um pedido de oração para que Deus os sustente: “Clame para que a paz do Senhor seja derramada em toda a Nigéria e a população consiga viver sem medo; Peça que os entes queridos dos nigerianos que morreram sejam consolados por Deus e supridos nas necessidades físicas, emocionais e espirituais; Interceda para que as autoridades tenham sabedoria e consigam conter a onda de violência que tem destruído o país; Ore para que os intentos dos grupos radicais sejam frustrados. Que o Senhor faça justiça e alcance pessoas-chave da liderança deles”.