O pesadelo da ação cruel do Estado Islâmico voltou a preocupar cristãos que vivem como minoria religiosa em países onde há perseguição após um ramo do grupo extremista muçulmano divulgar um vídeo em que decapita, no Natal, dez seguidores de Jesus Cristo.
O material de propaganda terrorista foi divulgado no canal de notícias que o Estado Islâmico mantém no aplicativo de mensagens Telegram, na última quinta-feira, 26 de dezembro.
Com macacões laranja, os fiéis foram executados pelos carrascos da mesma forma que, há quase cinco anos, 21 cristãos copta foram decapitados no norte da Líbia. No vídeo, um fiel é morto com um tiro na cabeça, e outros 10, vendados, morrem degolados.
“Esta mensagem é para os cristãos do mundo”, disse o vídeo de 56 segundos, publicado em árabe e haúça, segundo informações do The New York Times. “Aqueles que vocês vêm à nossa frente são cristãos, e derramaremos o sangue deles como vingança pelos dois honrados sheiks”, acrescenta o terrorista.
A execução foi uma retaliação pela morte de Abu Bakr al-Baghdadi, o califa do Estado Islâmico morto por tropas americanas em uma operação na Síria, em outubro último; e Abu al-Hassan al-Muhajir, seu suposto sucessor, morto no dia seguinte.
Os terroristas que decapitaram os cristãos no gesto de vingança são de um ramo do Estado Islâmico que atua na África Ocidental, chamado de Estado Islâmico da Província da África Ocidental (ISWAP, na sigla em inglês).
O ISWAP tem origem no Boko Haram, da Nigéria, de quem se separou em 2016 e se tornou o grupo jihadista dominante da região. Um vídeo anterior dizia que as vítimas haviam sido capturadas no estado de Borno, no noroeste da Nigéria.
De acordo com informações da revista Christianity Today, as imagens mostram ainda os cristãos cativos apelando por ajuda ao presidente da Nigéria, Muhammadu Buhari, assim como à Associação Cristã da Nigéria (CAN, na sigla em inglês.
É possível que o mesmo grupo ainda mantenha dezenas de outros cristãos cativos, incluindo a adolescente Leah Sharibu, sequestrada há quase dois anos depois de recusar a apostasia da fé em Jesus Cristo.
“Esses agentes das trevas são inimigos de nossa humanidade comum e não poupam vítimas, sejam muçulmanos ou cristãos”, afirmou o presidente Buhari, que é muçulmano, repudiando a execução dos cristãos.
Repúdio
No Brasil, a Frente Parlamentar Evangélica emitiu um comunicado nas redes sociais lamentando a morte dos cristãos pelas mãos dos extremistas muçulmanos. “Recebemos com muito pesar informações de mais um massacre perpetuado por um braço do dito ‘estado islâmico’[…] O motivo? Vingança pela morte de seu líder por forças norte-americanas há algumas semanas”.
“Em nosso país, os muçulmanos gozam dos mesmos direitos que qualquer cristão, porém, a contrapartida em grande parte da África e Oriente médio não acontece. Nós da FPE repudiamos esse ato vil e covarde e esperamos a manifestação do governo nigeriano sobre que atitudes serão tomadas. Bem como esperamos do Itamaraty, da ONU e da Comunidade Internacional ações incisivas para desbaratar as ações criminosas desse grupo”, acrescentou o texto da bancada evangélica.